Friday, December 22, 2006

Estado sem Justiça = Crime Organizado


Os jornais de hoje anunciam que a comissão de ética (sic) da Câmara encerrou o ano com gigantesca pizza. Os mais de setenta sanguessugas podem continuar a trambicar no congresso nacional sem culpa e sem punição. Eu já tinha até esquecido da notícia. Mas acabei dela me lembrando quando vi uma citação do grande Santo Agostinho na biografia do bispo de Hipona escrita por Garry Wills. Tento aqui uma tradução da observação de Agostinho:

O que é um regime político, quando carente de justiça, senão crime organizado?

Wednesday, December 20, 2006

Educação: demitir "velhos" para inovar (1)

Semana passada, uma escola católica tradicional aqui de São Paulo demitiu uma professora de cinquenta e poucos anos. Na entrevista de desligamento, a coordenadora pedagógica informou que a instituição pretende substituir os professores mais idosos por jovens, preferentemente homens. A mencionada gestora educacional, de sessenta e poucos anos, argumentou que a escola entende que os jovens professores, familiarizados com as mídias modernas, serão uma alavanca para o uso de novas tecnologias na escola. O episódio merece diversos comentários. Registro aqui apenas um deles, prometendo voltar ao assunto em outras postagens.
Quem entende que tecnologia educacional é uma função da idade dos professores está inteiramente equivocado. Esse modo de pensar teria afastado do cenário educacional, há muitos anos, a mais importante criadora de soluções de tecnologia educacional em nosso país, recentemente premiada pela UNESCO, a professora Lea Fagundes. A esperança de que a geração acostumada com jogos eletrônicos, Okurt, blogs etc.vá produzir projetos parecidos ou melhores que os da Léa é resultado de falta de visão do que é tecnologia educacional. O domínio das ferramentas é razão necessária para usos educacionais dos novos meios. Mas isso não basta. Importa muito mais a razão suficiente: dominio de saberes educacionais. Gente que domina os modernos artefatos de comunicação, se pouco ou nada souber de educação, produzirá apenas soluções medíocres em termos de ensino e aprendizagem. Pensar que a familiaridade com as novas ferramentas de comunicação produza per se tecnologia educacional é, no mínimo, uma visão mágica.

Sunday, December 03, 2006

Usos estruturados da Web em educação

A sugestão genérica "vá pesquisar na Internet" geralmente resulta em corte-e-cola que se tornou uma praga em todos os níveis de ensino. E há um resultado pior que a geração de milhões de páginas sem qualquer originalidade ou elaboração pessoal dos alunos. Tal resultado, nem sempre percebido pelos educadores, é o entendimento de que achar textos na Internet e copiá-los aos pedaços é 'pesquisa'.
Uma das maneiras de superar o problema é utilizar estratégias de usos estruturados da internet em educação. Dois exemplos de usos estruturados da internet para fins educacionais são as WebQuests e as WebGincanas. Recentemente organizei algumas reflexões sobre princípios que orientam essas duas opções de trabalho. Quem me deu a oportunidade de sintetizar minhas considerações sobre a matéria foi o Professor Eziquiel Menta da EscolaBR, a partir de convite para que eu preparasse conversa com a comunidade Proinfo num seminário virtual que ele (Eziquiel) organizou.
Quem quiser ouvir a minha fala sobre o assunto e ver o roteiro Power Point que utilizei pode encontrar todo o material no Podcast EscolaBR. Vou apreciar muito possíveis comentários e criticas.

Thursday, November 30, 2006

Imperdível velho blogueiro

Mundo afora, muitos leitores do Boing-Boing ficaram sabendo que Donald Crowdis, do alto de seus noventa e dois anos, deve ser um dos mais velhos blogueiros do planeta. Mas o feito do velhinho não fica apenas na curiosidade de um nonagentário blogando.O texto de Don é moderno, elegante, leve, bem humorado. Além disso as postagem tratam de assuntos de muito interesse ou de histórias incriveis vividas por um autor quase centenário. Como digo no título: imperdível. Para ver o Don e suas postagem basta ir até Don to Earth.

O que é psicologia?

Não busco uma definição com a pergunta do título. Quero apenas fazer uma constatação. No imaginário popular, psicologia hoje provavelmente significa "área de saber cujo domínio é muito útil para controlar sentimentos das pessoas". De onde me vem tal impressão? De duas fontes: 1. do discurso de meus alunos que pretendem fazer especialização em psicopedagogia, 2. de uma peça de propaganda aparecida na Folha/Fovest de 28/11/2006.
Comento apenas a última fonte. Trata-se de uma chamada da universidade Anhembi Morumbi para seu curso de Psicologia. Nessa peça publicitária aparece a imagem de um grupo de pessoas sentadas em confortáveis colchonetes, formando uma roda e dando-se as mãos. No centro da figura, uma mocinha, de pé e com os braços estendidos num gesto de regência, deve ser a psicóloga. A cena toda se parece muito com uma celebração de religiões orientais. Muita paz, sorrisos, leveza, tranquilidade.
Confesso que a imagem aqui descrita me incomodou. Um dos grandes defeitos que vejo nisso tudo é o afastamento da razão como um móvel importante nos fazeres que decorrem do saber psicológico. Em outras palavras: a idéia predominante do que é psicologia enfatiza fazeres nos quais um profissional poderoso (talvez detentor de segredos inacessíveis para simples mortais) manipula dimensões afetivas de indivíduos ou grupos. A peça publicitária apreendeu admiravelmente o entendimento dominante da natureza e papel da psicologia nos dias de hoje. Amedontrador.

Thursday, November 16, 2006

Efeitos ambientais das ferramentas

Na postagem de ontem, comentei um dos apectos marcantes do romance Diagnosis, de Alan Lightman: o sentimento de urgência que invadiu a vida de usuários de celulares. Educadores ilustres dirão que basta direcionar de modo equilibrado a utilização da citada ferramenta de comunicação. Esse é um discurso ingênuo. Como já observou Neil Postman, a grande questão não é o plano de utilização das ferramentas, a grande questão é que uma determinada ferramenta está sendo utilizada. Cada ferramenta tem suas próprias demandas, não importando muito nossas boas intenções de como controlar suas utilizações.
Lembrei-me de registrar esta observação ao ler uma pequena nota de Steven Mithen em After the Ice. Ao comentar os primeiros movimenetos da domesticação do gado na África por volta de 9.000 anos AC, o paleantólogo inglês observa: os animais dos primeiros pastores eram muito mais que bens econômicos fornecendo leite, sangue, carne e couro; [com a domesticação do gado] a vida dos pastores e os seus rituais, e alguns diriam sua própria maneira de pensar, estavam intimamente entrelaçadas com suas bestas. (p. 497).
Em poucas palavras: as novas bestas que estamos criando e introduzindo em nosso meio ambiente mudam tudo, não são apenas conveniências para tornar a vida mais eficiente ou agradável...

Wednesday, November 15, 2006

Aqui Agora

Imediatismo e urgência: marcas de nosso tempo. Em Diagnosis, Bill Chalmers e outros personagens, executivos de empresas ou simples trabalhadores da Sociedade da Informação, não têm qualquer espaço e tempo para si mesmos. De manhã, antes de chegarem ao escritório, já verificaram uns cinco recados no celular e quase certamente passaram uma parte da noite anterior checando seus e-mails para verificar compromissos de trabalho. Nas mensagens que recebem todos os prazos são apertados. Todas as informações requisitadas são no máximo para o final do dia. No trem ou no metro, a caminho do trabalho, além de usar continuamente o celular, os personagens de Diagnosis manuseam seus notebooks, lêem relatórios ou verificam dados em jornais econômicos.
Acho que não há exagero no romance de Alan Lightman. Vejam o caso do celular. A grande maioria das pessoas usa o telefone móvel com um sentimento de que tudo tem de ser comunicado e resolvido aqui e agora, sem pausa, sem o que amigos meus dos EUA chamam de "tempo de qualidade". Tal sentimento de urgência é uma falsa necessidade que está penetrando de modo profundo na alma das pessoas de nosso tempo. No geral, acho que os educadores não percebem essa marca perversa do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação.

Monday, November 13, 2006

Informação pra que?


Prometi já faz um tempinho comentar aqui o conteúdo do romance Diagnosis, de Alan Lightman. Começo a fazer isso agora, com certo atraso devido à uma preguiça macunaímica.O tema central da obra é a situação de um paciente cuja doença não é diagnosticada. Bill Chalmers, o doente, é acometido por sintomas de uma paralisia crescente, iniciada por uma pequena dormência das mãos e perda momentânea da memória. O médico do nosso herói pede uma bateria de exames. Tais exames têm como finalidade principal eliminar determinadas possibilidades a partir dos sintomas apresentados por Bill. Os resultados chegam, todos negativos, e o médico não fecha qualquer diagnóstico. Pede mais exames. Outros médicos entram na história. E advinhem... Pedem mais exames. E nada de diagnóstico. O tempo passa e a paralisia progride. Bill perde movimento das pernas. Fica cego. Perde a fala. Mais exames. E nada de diagnóstico. A trama toda mostra uma situação muito rica em informações que em nada contribuem para o fechamento de uma decisão que possa curar o paciente ou ajudá-lo a enfrentar a doença. Além de propor uma situação que experimentamos cada vez mais em nossas vidas pessoais como pacientes, a história é uma metáfora sobre um mundo cada vez mais rico em informações mas sem rumos mais definidos. Pontes com nossas responsabilidades educacionais são muitas no caso.

Conversa sobre WebQuests e WebGincanas

Participei recentemente de um evento virtual da comunidade Proinfo. Todas as palestras e comunicações aconteceram por meio de áudio-conferências. A inciativa foi liderada pelo professor Eziquiel, membro do Proinfo e animador do ótimo Linux na Escola. Minha comunicação, Construção de Ambientes de Aprendizagem na Web, em áudio integral e com o roteiro PP que utilizei, pode ser acessada em:

http://www.escolabr.com/podcast/index.php?id=85

Aproveito este registro para agradecer publicamente ao Professor Eziquiel a aportunidade de dialogar com a comunidade Proinfo, um coletivo de gente boa muito compromissada com a educação pública em nosso país. Obrigado, Eziquiel.

Friday, October 13, 2006

Web e expansão de memória


Vez ou outra eu cantava a melodia de uma velha canção que tinha o seguinte verso "Je veux ceinturer madame la Terre...". E ficava na dúvida. Meu francês aprendido no antigo ginásio é muito fraquinho. Nunca soube se minha memória de tal verso era correta. Lembrei-me então do Google e da possibilidade de testar a existência (e correção) de minha memória na Web. Deu certo. Fiquei sabendo que a canção que escutei com certa frequencia, por volta de 1967 é um clássico do cantor e compositor canadense Claude Léveillée. Fiquei sabendo que o verso que aflorava em minha memória era um francês aceitável.
Ao buscar informações sobre citado cantor, lembrei-me de conversas e leituras sobre movimentos separatistas do Québec. Tudo coisa da metade dos anos sessenta. E agora já não sei mais se as informações sobre Claude Leveillée são novidades ou matéria reavivada por leituras sobre a chason canadense da época. Já não sei mais se a sensação de saber algo sobre "Québec livre" é fruto de minha ida a diversos sites sobre movimentos culturais dos sessenta em Montreal ou de papos mantidos quarenta anosatrás um amigo francófono, Padre Hilário, numa sala de estar do seminário sionita do Ipiranga.
O interessante de tudo isso, além da oportunidade de escutar boa música da década de sessenta, é uma percepção de que, com a Web, temos uma nova memória. O episódio aqui narrado me convenceu defitivamente de que nossa memória não é um fenômeno biológico, exclusivamente cerebral. Nossa memória é social, mediada pelas ferramentas que inventamos para armazenar e fazer circular informações. Isso deve ter alguma importância para percursos de ensino e de aprendizagem.

Wednesday, October 04, 2006

Publicador de WebGincanas

Em comentário sobre a postagem "Webgincanas em Congresso", um professor de Portugal me pergunta que software há para geração de WebGincanas. Não pude enviar de imediato uma resposta para a indagação de nosso colega lusitano. Mas, já faz algum tempo que o Senac São Paulo colocou no ar um publicador do citado modelo de uso estruturado da internet em educação. Tal publicador é bastante simples e permite que qualquer autor interessado possa colocar na internet uma WebGincana com todas as característica do modelo que desenvolvi com a colaboração de alunos e associados nos últimos dois anos. Além do publicador, a página do Senac contém textos de fundamentação, referências, indicações e notícias sobre o formato em tela. Educadores interessados podem encontrar tal material em:

http://www1.sp.senac.br/hotsites/gde/

Aparentemente o publicador está funcionando comme il faut. Mas seria bom ter mais obras lá publicadas para testar a eficiência da ferramenta. Alguém se habilita?

Trechos de textos web de Diagnosis

Salete, leitora aqui do Aprendente me pede para colocar no ar alguns trechos de textos web do romance de Alan Lightman. Além disso, ela me pergunta se a obra já foi traduzida para o português. Confesso que não sei. Outra leitora, minha amiga Carmé Barba, informa que vai procurar tradução de Dignosis para o espanhol. Aguardo informação da Carmé.
Além da história sobre dois amantes virtuais, contada exclusivamente em trocas de mensagens na web, Lightman utiliza e-mails como elementos narrativos para situar os interesses de Alex, filho adolescente do personagem central, e apresenta parte da trama sobre o diagnóstico (na verdade ausência de diagnóstico) em mensagens de médicos. Finalmente, certos desdobramentos de um processo contra o empregador de Bill Chalmers, o doente sem diagnóstico, também aparece sob a forma de e-mails. Assim, a comunicação sobre possibilidade de processar o empregador de Bill é narrada da seguinte forma:

>>> MAIL 50.02.04 <<< com ="="> Received: from THORMCCULL.COM by NETCOM.COM with BFP
id BZ48693; Thurs, 16 Oct 10:11:08 EDT
for
WCHALM@AOL.COM; Thurs, 16 Oct 10:11:32 -0400
Press * for message
>>> MAIL 50.02.04 <<<>
Dear Mr. Chamers, Ms. Stevenson has keot me informed of her corespsoncdence with you. We are continuing our discovery process, but let me say onc agin that here is very little we can do without a diagnosis of your ilness. I don't want to interfer which whatever tests you are doing, but I might recommend tht you speakk to Dr. Francis Emory at Deaconess Hoptitsl. She is a specialisin neurological disorders and, I am told, quick to make diagnoses. Your wife has been enquirign about our billing. Please tell her that you will rceive shortly a bill for the period September 24 to October 10, and thereafter bills every two weeks. Yours truly, Thurston Baker, Esq.


O trecho aqui reproduzido indica alguns cuidados formais do autor. A mensagem aparece com todo seu aparato de identificação na web. O estilo é despojado. Muitas palavras revelam erro de digitação de acordo com certos padrões comuns entre falantes nativos do inglês, ou revelam pouco domínio do teclado qwerty. Além disso, no corpo do romance, as mensagens não são explicadas ou comentadas. Supõe-se que devam ser entendidas da mesma forma que entendemos os e-mails recebidos na vida cotidiana. Lightman combina técnica, novas formas de linguagem escrita, acidentes de digitação, e tensão dramática.

Wednesday, September 27, 2006

Linguagem web e literatura

Estou relendo o ótimo romance de Alan Lightman, The Diagnosis. A trama tem muito a ver com os impactos das novas tecnologias na cultura. Vou registrar alguns de tais impactos aqui no Aprendente. Uma das coisas que chamou minha atenção nessa obra de Lightman, já na primeira leitura, foi o uso de formatos web para narrar certas partes da história. Para mim, a parte mais deliciosa desse uso da linguagem web em Diagnosis é a troca de mensagens entre dois amantes maduros e casados. Amantes virtuais, os dois jamais se encontraram, mas se conhecem muito bem graças a um diálogo virtual quase que diário. Nessa postagem não quero entrar na história propriamente dita; quero mais reparar que Lighman reproduz longos trechos de trocas de mensagens, com todas as características do formato. Não conheço outra obra de ficção que faça isso. Mas posso assegurar que o tratamento que o autor dá ao formato é um achado em termos de técnica narrativa e de novas estéticas do escrever. Gente que ensina idiomas deveria dar uma olhadinha na obra de Alan Lightman.

Monday, June 05, 2006

Wednesday, May 31, 2006

WebQuest e Educação Matemática

Hoje, na PUC/SP, ao lado das professoras Celina Abar (orientadora) e Siobhan Victoria Healy, participei do exame de qualificação de Maurício Barbosa da Silva, mestrando do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática. A investigação realizada pelo Maurício tem como objeto o uso de WebQuest no ensino de matemática e geometria. O trabalho é interessante pois ainda há pouca pesquisa sobre a utilização de WebQuests. Além disso, a aplicação do modelo criado por Bernie Dodge a estudos matemáticos exige muita imaginação pedagógica e boas doses de invenção didática. Espero acompanhar os desdobramentos desse estudo até a defesa da dissertação daqui uns quatro ou cinco meses. A aventura do Maurício promete descobertas que podem ajudar os educadores a usar WebQuests de modos mais efetivos.

WebGincana em Congresso

Ontem (30/05), participei de um dos painéis do Congresso Educarede III. O tema geral da comunicação foi Estruturas de uso da internet. Carmen Lucia Prata, da SEE/MEC, e Cesar Nunes, da OORT Tecnologia, foram meus companheiros de mesa. Fiz uma fala com o título Liberdade e Estrutura: WebGincanas. Utilizei uma das versões de GenteGincana para quebrar o gelo. Analisei rapidadmente alguns problemas resultantes da instrução genérica "pesquisem na internet". Introduzi a necessidade de oferecer algum mapa ou andaime para que os alunos realizem investigações significativas no espaço Web. E, para finalizar, apresentei as linhas gerais do conceito de WebGincana. Parece que os sessenta ou mais educadores presentes gostaram da proposta. Vamos ver quantos deles manterão contato e passarão a integrar a comunidade de interessados em usar o conceito de gincanas como inspiração para estruturar propostas de usos da internet em educação.

Saturday, May 27, 2006

NTIC em Santo André

A foto mostra este escrevinhador no intervalo de uma comunicação que fizemos (Carlos Seabra e eu) no Senac de Santo André dia 24 último. Tarde muito agradável com gentes gentis do Senac local e educadores de algumas escolas do entorno. Com o encontro, enriquecemos consideravelmente nosso repertório sobre usos de blogs em educação, webgincanas e microcontos. Espero receber informação sobre os blogs dos participantes e continuar o diálogo com todos. Aproveito esta postagem para um agradecimento público à equipe do Senac de Santo André pela oportunidade e delicioso coffee break...

Thursday, May 11, 2006

Imagens fortes



Vi hoje no Boingboing matéria sobre uma coleção de fotos que introduzem armas em cenas do dia-a-dia. Convém dar uma olhada e conferir pois uma imagem vale mais que mil palavras. Para ver a coleção de fotos clique aqui.

Curso sobre WebGincana

O NTE da Secretaria de Educação de Campinas está promovendo um curso sobre WebGincana para professores. A inciativa é da Carla Betioli. Pouco sei sobre conteúdo, dinâmica e produções do curso, mas fiquei com impressão de que o trabalho é muito bom. Espero que em breve as WebGincanas produzidas pelos educadores de Campinas entrem no ar e possam se utilizadas como exemplos e/ou material de aplicação para possíveis interessados.
A Carla criou um espaço de comunicação para os participantes do evento. Creio que visitantes externos serão bem aceitos. Já me cadastrei no referido espaço e estou acompanhado o que rola por lá. O endereço é...
http://br.groups.yahoo.com/group/curso-webgincana/join

Wednesday, May 10, 2006

Escola Chata


Semana passada a Folha de São Paulo publicou um registro da sabatina que o jornalão promoveu com o dublê de educador e psicanalista Rubem Alves. Não gostei da chamada da matéria. A Folha destacou da fala do Rubão a afirmação de que "a escola é chata". No meu modo de ver, constatações como essa reafirmam a prática de chutar cahorro morto. Ato desnecessário. Sinal de uma valentia fácil, pois o cadáver não irá reagir. Mas meu desagrado não para por aí. Preocupa-me sobretudo o outro lado da moeda. Educadores que aceitam sem crítica comentário como o de Rubem Alves costumam achar que a saída é uma escola divertida. Ou seja, na sociedade do espetáculo é hegemônica a idéia de que o bom aprender precisa ser uma atividade circense. Não tenho nada contra o circo, o espetáculo, a diversão. Acho, porém, que é preciso não perder de vista algumas características do aprender. Sirvo-me de um exemplo: cálculo. Vejo meu filho, um físico, trabalhando com cálculo em muitas ocasiões. Um trabalho que exige muita concentração. Um trabalho que apresenta grandes desafios. Conseguir resolver certos problemas certamente é muito prazeroso. Mas a atividade toda não é divertida. Coisa parecida pode ser verificada na aprendizagem musical de alguém que está estudando um peça a ser executada publicamente. Chegar a uma interpretação original e bem executada deve ser uma fonte de grande prazer. Não vejo porém no demorado e exigente processo de ensaiar exaustivamente a peça algo divertido. Resumo da ópera; prazer não é necessariamente diversão. E mais: muitas fontes de prazer exigem altos investimentos de concentração, ensaio, exercício, trabalho.

A aceitação passiva de uma crítica que parece indicar que a boa escola é a divertida sugere que nosso mundo é a concretização perfeita do pesadelo de uma sociedade cujo desejo único é uma diversão contínua, tema central do Brave New World de Huxley.

Tuesday, May 02, 2006

Retomada

Fiquei algum tempo sem nada postar. Retorno agora. Há dois assuntos mais imediatos que irão merecer alguma atenção: os blogs de meus alunos do quarto ano de pedagogia e trabalhos sobre WebGincanas. Esta semana vou organizar devidamente mensagens sobre esses dois assuntos.

Thursday, January 26, 2006

Leitura de vídeos em educação

Nossos alunos, com milhares de horas frente a uma TV, são completamente alfabetizados em leitura de vídeos. Mas esse é um conhecimento oculto. No geral, eles, assim como nós, não têm consciência de suas capacidades de leitores da linguagem televisiva. Por essa razão, pesquisadores como meu amigo Ângelo Piovesan, da ECA/USP, tanto insistem na necessidade de trabalhos educacionais que possam explicitar a capacidade de ler vídeos.
Peças de propaganda são ideais para atividades de leitura de vídeos. Nelas a linguagem televisiva explora todas as possibilidades de combinar som, imagem e movimento em múltiplos arranjos para contar histórias, provocar emoções, criar sonhos, ativar o imaginário das pessoas etc. Além disso, a necessidade de operar grandes sínteses comunicativas gera vídeos com muito conteúdo em obras bastante curtas. Isso é vantajoso, pois professores e alunos podem examinar muitas vezes o material, explorando significados de cores, movimentos, sons, tratamento de imagens, natureza da mensagem, conteúdo etc..
Toda essa minha conversa sobre leitura de vídeos tem por finalidade divulgar um material que conheci através do excelente e indispensável Boinboing. Está disponível no espaço Web um vídeo incrível de propaganda do Honda Civic no Reino Unido. Trata-se de uma apresentação do carro em movimentos cujo som é produzido por um coral. A integração entre diferentes cenas, movimentos do carro, sons ambientais e atuação do coral são uma obra prima. Esse é um material que certamente os professores podem utilizar em leituras de vídeo. Interessados podem acessar diretamente o citado vídeo neste link.

Friday, January 13, 2006

Inteligência do trabalhador


No final de ano, entrevistei, via e-mail, o grande educador Mike Rose. Ele escreveu um livro fundamental para quem queira entender as dimensões cognitivas do aprender a trabalhar e os saberes invisíveis construídos pelos trabalhadores: The Mind at Work. O texto da entrevista, publicado em número especial da revista eletrônica Senac.sp, pode ser visto estes dias no portal do Senac. Vale a pena dar uma olhada.