Thursday, November 17, 2005

Aprendendo com textos III

Voltando á Gramática


É bom explicar um pouco mais essa gramática “natural” da qual se falou até aqui. Qualquer língua possui um conjunto de regras gerais de como organizar as palavras para que estas tenham sentido. Tais regras acontecem em diversos níveis. Não podemos terminar palavras com a letra p em português. E muitas outras combinações de letras não são permitidas em nosso idioma. Nesse nível, utilizamos regras de ortografia (a escrita correta). As palavras precisam ser organizadas em certa ordem. Precisam também de estar ligadas por meio de certos elementos para que a comunicação seja inteligível. Soa estranho para falantes do português algo como: ”um sapatos par”. É quase certo que a maioria das pessoas corrija essa combinação estranha e diga que o correto deve ser: “um par de sapatos”. E para fazer isso, ninguém precisa estudar gramática na escola. Antes de seguir em frente, é bom notar que a correção de “um sapatos par” envolveu duas coisas: reordenação das palavras e acréscimo do elemento de ligação “de”. Tudo isso é aparentemente simples. Mas cientistas do conhecimento, envolvidos em projetos para produzir programas de computador que entendam a fala dos homens, experimentam grandes dificuldades para ensinar uma máquina a ordenar com correção “um sapatos par”. É por causa de tais dificuldades que os textos traduzidos automaticamente por programas computacionais, muitas vezes, são bastante engraçados. Nesse nível, estamos falando de sintaxe (as normas gerais de como organizar as palavras em nosso idioma). Finalmente há um outro nível, o da semântica (as normas gerais sobre o sentido ou significado de palavras e expressões em nosso idioma). Ao entreouvir nos corredores de uma universidade a frase “viu aquele gato do Direito?”, pouca gente iria concluir que a menina que disse tal frase estava falando de um felino doméstico. Geralmente felinos domésticos não estudam Direito. O gato da frase deve ser, com certeza, um jovem humano bastante atraente. Resumo da história: regras inconscientes de ortografia, sintaxe e semântica são usadas com muita facilidade por quase todos os nativos de qualquer idioma para um bom entendimento em comunicações lingüísticas. É essa competência humana que faz do Sherlock um jogo que vale a pena ser jogado.

1 comment:

Anonymous said...

Moi interesante esta xeira de artigos "Aprendendo com taxtos". Este último en particular moi bo. Ao final vou ter que meterme eu tamén co Sherlok ;)
Saúde