As Atrações do Sherlock
Lacunas ou palavras embaralhadas num texto editado no Sherlock convidam o aprendiz a usar sua gramática “natural” em todos os níveis, de acordo com os problemas que vá encontrando pelo caminho. Numa frase como “um par ____ sapatos”, quase todos os leitores vão dizer que falta um de para ligar par com sapatos. Os conhecimentos de sintaxe oferecem pistas bastante claras para qualquer sherlock que estiver resolvendo o problema. Mas há questões mais complicadas. Numa frase como “o pastor _______ o rebanho”, que palavra pode substituir a lacuna existente? Quase certamente, um detetive das palavras saberá que a lacuna deve ser ocupada por um verbo. Mas qual? E o problema pode ser bastante difícil se o investigador não souber que tanger o rebanho é uma das atividades de um pastor. Ou seja, o uso da gramática “natural” continua a facilitar a investigação do detetive, mas a ausência de um vocabulário mais rico pode complicar as coisas. Neste ponto, talvez o investigador do texto precise de algum socorro (uma dica de vocabulário, por exemplo, pode ajudar o detetive a chegar à solução “o pastor tange o rebanho”.). Toda essa explicação possivelmente deixa claro que o ambiente do Sherlock pode oferecer oportunidades para aprendizagens muito dinâmicas.
Voltemos ao tema metacognição. É bastante provável que, ao utilizar estratégias baseadas naquela gramática “natural” e inconsciente, aprendida na infância, o detetive das palavras vá percebendo o conteúdo de seus conhecimentos, assim como de seus modos de pensar. Essa é a principal pretensão do Sherlock: formar pensadores que tenham consciência de seu próprio pensar. Quais as vantagens disso? São muitas. Tomar consciência da gramática “natural” ajuda as pessoas a entenderem melhor a gramática acadêmica que se ensina nas escolas. Ajuda o pensador a melhor entender os textos que encontra pela frente. Desenvolve capacidades de análise muito necessárias em termos de domínio de uma matéria ou disciplina. Melhora a auto-estima de quem descobre que sabe muito mais do que imaginava. Faz com que as pessoas comecem a se ver como senhoras de seu idioma, não como gente dominada por discursos que não entende (nota). Além disso, abre o apetite dos detetives para outras aventuras investigativas. Tudo isso, provavelmente, vai ajudar os aprendizes a melhorarem seus desempenhos nos campos da leitura e da redação.
Espaço de comunicação sobre Weblogs em educação, WebQuests, WebGincanas e outros recursos TIC, além de eventuais comentários sobre o que rola no mundo.
Saturday, November 19, 2005
Friday, November 18, 2005
Egoque ipse multa quae nesciebam scribendo me didicisse confitear.
O título deste post é uma observação de Santo Agostinho em seu livro sobre a Trindade. Comentarei tal observação em futura mensagem. As idéias do genial bispo de Hipona são muito parecidas com as "descobertas" registradas po David Carraher em seu blog em 2003. Transcrevo aqui o que disse meu amigo David:
Eu penso que escrever minhas idéias não é apenas um registro dos meus pensamentos. Esse ato faz com que minhas idéias fiquem mais á mão e mais fáceis de serem entendidas (por mim mesmo). Com o tempo, meu próprio pensar se beneficia por causa da existência de representações externas. Tudo isso me ajuda a: ter uma visão geral, ponderar, refinar o pensamento, reconsiderar, reorganizar. Me ajuda a compartilhar e a receber feedbacks.
Escrever sumários é um modo de melhorar as idéias. Você recebe os benefícios da palavra escrita. Mas não é só isso. Ganha-se algo novo.
Eu sempre escrevo sumários para entender as idéias e estrutura de um documento.Pode ser algo que escrevi. Pode ser algo escrito por outros. Ao fazer isso, eu me vejo pensando:
Essa idéia cabe aqui? É essa uma evidência para algo que vai ser dito à frente? Isso precisa ser mostrado mais à frente, no capítulo sobre dados, em vez de ser algo subentendido na introdução? O que pode acontecer se alguém não aceitar a análise exaustiva? Há outras interpretações possíveis? Se sim, onde elas deveriam aparecer?
Eu penso que escrever minhas idéias não é apenas um registro dos meus pensamentos. Esse ato faz com que minhas idéias fiquem mais á mão e mais fáceis de serem entendidas (por mim mesmo). Com o tempo, meu próprio pensar se beneficia por causa da existência de representações externas. Tudo isso me ajuda a: ter uma visão geral, ponderar, refinar o pensamento, reconsiderar, reorganizar. Me ajuda a compartilhar e a receber feedbacks.
Escrever sumários é um modo de melhorar as idéias. Você recebe os benefícios da palavra escrita. Mas não é só isso. Ganha-se algo novo.
Eu sempre escrevo sumários para entender as idéias e estrutura de um documento.Pode ser algo que escrevi. Pode ser algo escrito por outros. Ao fazer isso, eu me vejo pensando:
Essa idéia cabe aqui? É essa uma evidência para algo que vai ser dito à frente? Isso precisa ser mostrado mais à frente, no capítulo sobre dados, em vez de ser algo subentendido na introdução? O que pode acontecer se alguém não aceitar a análise exaustiva? Há outras interpretações possíveis? Se sim, onde elas deveriam aparecer?
Thursday, November 17, 2005
Aprendendo com textos III
Voltando á Gramática
É bom explicar um pouco mais essa gramática “natural” da qual se falou até aqui. Qualquer língua possui um conjunto de regras gerais de como organizar as palavras para que estas tenham sentido. Tais regras acontecem em diversos níveis. Não podemos terminar palavras com a letra p em português. E muitas outras combinações de letras não são permitidas em nosso idioma. Nesse nível, utilizamos regras de ortografia (a escrita correta). As palavras precisam ser organizadas em certa ordem. Precisam também de estar ligadas por meio de certos elementos para que a comunicação seja inteligível. Soa estranho para falantes do português algo como: ”um sapatos par”. É quase certo que a maioria das pessoas corrija essa combinação estranha e diga que o correto deve ser: “um par de sapatos”. E para fazer isso, ninguém precisa estudar gramática na escola. Antes de seguir em frente, é bom notar que a correção de “um sapatos par” envolveu duas coisas: reordenação das palavras e acréscimo do elemento de ligação “de”. Tudo isso é aparentemente simples. Mas cientistas do conhecimento, envolvidos em projetos para produzir programas de computador que entendam a fala dos homens, experimentam grandes dificuldades para ensinar uma máquina a ordenar com correção “um sapatos par”. É por causa de tais dificuldades que os textos traduzidos automaticamente por programas computacionais, muitas vezes, são bastante engraçados. Nesse nível, estamos falando de sintaxe (as normas gerais de como organizar as palavras em nosso idioma). Finalmente há um outro nível, o da semântica (as normas gerais sobre o sentido ou significado de palavras e expressões em nosso idioma). Ao entreouvir nos corredores de uma universidade a frase “viu aquele gato do Direito?”, pouca gente iria concluir que a menina que disse tal frase estava falando de um felino doméstico. Geralmente felinos domésticos não estudam Direito. O gato da frase deve ser, com certeza, um jovem humano bastante atraente. Resumo da história: regras inconscientes de ortografia, sintaxe e semântica são usadas com muita facilidade por quase todos os nativos de qualquer idioma para um bom entendimento em comunicações lingüísticas. É essa competência humana que faz do Sherlock um jogo que vale a pena ser jogado.
É bom explicar um pouco mais essa gramática “natural” da qual se falou até aqui. Qualquer língua possui um conjunto de regras gerais de como organizar as palavras para que estas tenham sentido. Tais regras acontecem em diversos níveis. Não podemos terminar palavras com a letra p em português. E muitas outras combinações de letras não são permitidas em nosso idioma. Nesse nível, utilizamos regras de ortografia (a escrita correta). As palavras precisam ser organizadas em certa ordem. Precisam também de estar ligadas por meio de certos elementos para que a comunicação seja inteligível. Soa estranho para falantes do português algo como: ”um sapatos par”. É quase certo que a maioria das pessoas corrija essa combinação estranha e diga que o correto deve ser: “um par de sapatos”. E para fazer isso, ninguém precisa estudar gramática na escola. Antes de seguir em frente, é bom notar que a correção de “um sapatos par” envolveu duas coisas: reordenação das palavras e acréscimo do elemento de ligação “de”. Tudo isso é aparentemente simples. Mas cientistas do conhecimento, envolvidos em projetos para produzir programas de computador que entendam a fala dos homens, experimentam grandes dificuldades para ensinar uma máquina a ordenar com correção “um sapatos par”. É por causa de tais dificuldades que os textos traduzidos automaticamente por programas computacionais, muitas vezes, são bastante engraçados. Nesse nível, estamos falando de sintaxe (as normas gerais de como organizar as palavras em nosso idioma). Finalmente há um outro nível, o da semântica (as normas gerais sobre o sentido ou significado de palavras e expressões em nosso idioma). Ao entreouvir nos corredores de uma universidade a frase “viu aquele gato do Direito?”, pouca gente iria concluir que a menina que disse tal frase estava falando de um felino doméstico. Geralmente felinos domésticos não estudam Direito. O gato da frase deve ser, com certeza, um jovem humano bastante atraente. Resumo da história: regras inconscientes de ortografia, sintaxe e semântica são usadas com muita facilidade por quase todos os nativos de qualquer idioma para um bom entendimento em comunicações lingüísticas. É essa competência humana que faz do Sherlock um jogo que vale a pena ser jogado.
Wednesday, November 16, 2005
Google earth em geografia
O excelente portal colombiano Eduteka está anunciando um artigo sobre usos do Google earth em geografia. Para quem não recebe a news letter do referido portal, copio aqui o anúncio dessa boa notícia para professores de ciências da terra:
HERRAMIENTA GOOGLE EARTH EN CLASE DE GEOGRAFÍA
El programa Google Earth es una de las herramientas más novedosas para responder satisfactoriamente a la enseñanza actualizada de Geografía. En este, se combinan fotos satelitales, mapas y una base de datos, que permiten observar en detalle cualquier lugar de la Tierra; además, desplegar simultáneamente sobre una zona diversos tipos de información relacionados con ella. Ofrecemos en este documento: la forma de descargarlo e instalarlo, sus requerimientos técnicos y algunas sugerencias de uso en la clase de Geografía.
Lea el Artículo completo en la siguiente dirección:
http://www.eduteka.org/GoogleEarth.php
Tuesday, November 15, 2005
Aprendendo com textos II
Aqui está a segunda parte das minhas reflexões sobre o software Sherlock e a questão do aprender com textos:
Metacognição e o Sherlock
David Carraher, cientista do conhecimento, que viveu durante muitos anos no Brasil e hoje trabalha num centro de pesquisas em Boston, está sempre envolvido com problemas de metacognição. Em seus estudos e propostas, David procura encontrar caminhos para ajudar os aprendizes a pensarem sobre seu conhecimento pessoal. Um dos desses caminhos é o Sherlock, um software educacional que oferece muitas oportunidades para o uso da gramática inconsciente aprendida na infância.
O Sherlock é muito simples. Trata-se de um ambiente onde é possível produzir um texto com lacunas ou com palavras embaralhadas. Para o aprendiz, o desafio é o de recuperar as palavras retiradas do texto original (lacunas) ou descobrir a palavra original em cada conjunto de letras embaralhadas. Além disso, há no ambiente algumas ajudas (identificação de categoria da palavra procurada, dicas ou definições, exposição rápida do texto original) para as pessoas que julgarem o desafio muito difícil. Todas essas características convertem os textos editados no Sherlock num jogo interessante.
Como é que algo tão simples como lacunas ou palavras embaralhadas desperta interesse? A chave para uma resposta é o espírito investigativo que mora em todas as pessoas. Um texto editado no Sherlock tem certo mistério; mas um mistério que pode ser resolvido, pois texto e contexto estão repletos de pistas que um bom investigador pode utilizar. Provavelmente você já leu palavras ausentes de algum escrito mal revisado, ou ‘viu’ letras que não estavam escritas no original. Esse mecanismo é natural: para entender um texto com alguma falha, quase todos os leitores são capazes de realizar semelhante façanha (providenciar inconscientemente letras ou palavras para dar sentido ao texto). E para tanto, todos nós usamos a gramática aprendida nos primeiros anos de vida.
Metacognição e o Sherlock
David Carraher, cientista do conhecimento, que viveu durante muitos anos no Brasil e hoje trabalha num centro de pesquisas em Boston, está sempre envolvido com problemas de metacognição. Em seus estudos e propostas, David procura encontrar caminhos para ajudar os aprendizes a pensarem sobre seu conhecimento pessoal. Um dos desses caminhos é o Sherlock, um software educacional que oferece muitas oportunidades para o uso da gramática inconsciente aprendida na infância.
O Sherlock é muito simples. Trata-se de um ambiente onde é possível produzir um texto com lacunas ou com palavras embaralhadas. Para o aprendiz, o desafio é o de recuperar as palavras retiradas do texto original (lacunas) ou descobrir a palavra original em cada conjunto de letras embaralhadas. Além disso, há no ambiente algumas ajudas (identificação de categoria da palavra procurada, dicas ou definições, exposição rápida do texto original) para as pessoas que julgarem o desafio muito difícil. Todas essas características convertem os textos editados no Sherlock num jogo interessante.
Como é que algo tão simples como lacunas ou palavras embaralhadas desperta interesse? A chave para uma resposta é o espírito investigativo que mora em todas as pessoas. Um texto editado no Sherlock tem certo mistério; mas um mistério que pode ser resolvido, pois texto e contexto estão repletos de pistas que um bom investigador pode utilizar. Provavelmente você já leu palavras ausentes de algum escrito mal revisado, ou ‘viu’ letras que não estavam escritas no original. Esse mecanismo é natural: para entender um texto com alguma falha, quase todos os leitores são capazes de realizar semelhante façanha (providenciar inconscientemente letras ou palavras para dar sentido ao texto). E para tanto, todos nós usamos a gramática aprendida nos primeiros anos de vida.
Thursday, November 10, 2005
Aprendendo com textos I
Elaborei algumas reflexões sobre a questão do aprender a ler e aprender com a leitura a partir de experiências com o software Sherlock e de conversas com David Carraher durante o processo de produção do citada ferramenta. Vou publicar tais reflexões aos pedaços. Se alguém quiser me ajudar a melhorar tais reflexões ficarei imensamente agradecido. Aqui vai o primeiro pedaço:
A Gramática Natural
Por volta dos seis ou sete anos, as crianças já dominam praticamente toda a gramática de sua língua nativa. Essa , segundo os lingüistas, é uma façanha intelectual notável. A estrutura de qualquer idioma é extremamente complexa. Por que então a maior parte das pessoas odeia a gramática que lhe foi ensinada nas escolas?
A gramática dominada por crianças em idade pré-escolar não é constituída por regras formais e por um vocabulário esotérico. Ela funciona como algo natural que não precisa ser ensinado. As crianças aprendem-na sem esforço aparente. A gramática ensinada nas escolas, pelo contrário, é artificial e de difícil aprendizagem. Essa situação estranha acontece porque os sistemas educacionais enfrentam muitas dificuldades para reconhecer, utilizar e trabalhar com os conhecimentos que as crianças já dominam antes de chegar às escolas. Culpa dos educadores? Provavelmente não. Articular conhecimento prévio com o conhecimento a ser aprendido não é uma tarefa banal. Exige muito dos profissionais de educação. Uma das exigências, no caso, é a de ativar as capacidades metacognitivas dos aprendizes. Ou seja, a de ajudar quem aprende a tomar consciência de seus próprios conhecimentos, de suas capacidades cognitivas, de suas estratégias de aprendizagem. A gramática aprendida na primeira infância, assim como muitas outras coisas que nos capacitam a levar a vida em nosso mundo, é inconsciente. Em outras palavras, nós não temos idéia do quanto sabemos, nem de como funciona nosso sistema de saber. Pensar sobre o próprio saber (metacognição) é uma arte que requer muita técnica e ferramentas especiais
A Gramática Natural
Por volta dos seis ou sete anos, as crianças já dominam praticamente toda a gramática de sua língua nativa. Essa , segundo os lingüistas, é uma façanha intelectual notável. A estrutura de qualquer idioma é extremamente complexa. Por que então a maior parte das pessoas odeia a gramática que lhe foi ensinada nas escolas?
A gramática dominada por crianças em idade pré-escolar não é constituída por regras formais e por um vocabulário esotérico. Ela funciona como algo natural que não precisa ser ensinado. As crianças aprendem-na sem esforço aparente. A gramática ensinada nas escolas, pelo contrário, é artificial e de difícil aprendizagem. Essa situação estranha acontece porque os sistemas educacionais enfrentam muitas dificuldades para reconhecer, utilizar e trabalhar com os conhecimentos que as crianças já dominam antes de chegar às escolas. Culpa dos educadores? Provavelmente não. Articular conhecimento prévio com o conhecimento a ser aprendido não é uma tarefa banal. Exige muito dos profissionais de educação. Uma das exigências, no caso, é a de ativar as capacidades metacognitivas dos aprendizes. Ou seja, a de ajudar quem aprende a tomar consciência de seus próprios conhecimentos, de suas capacidades cognitivas, de suas estratégias de aprendizagem. A gramática aprendida na primeira infância, assim como muitas outras coisas que nos capacitam a levar a vida em nosso mundo, é inconsciente. Em outras palavras, nós não temos idéia do quanto sabemos, nem de como funciona nosso sistema de saber. Pensar sobre o próprio saber (metacognição) é uma arte que requer muita técnica e ferramentas especiais
Educação Popular III
Aqui vai a terceira e última parte do texto de meu amigo Sigfredo Chiroque:
Los auquis se encuentran con el pueblo, mientras el agua nueva corre por la acequia. Los auquis toman varios tipos de bebidas. Antes de beber rocían parte en el agua, mientras se coloca la flor de la retama en las acequias. Hay un delirio generalizado. Casi todos hablan en quechua y le cantan al agua. Todos beben licor, pero haciendo "pago" al agua. Me invitan chicha de arampito, chicha de jora, cañazo. Tengo que hacer también "pago" a la pacha-mama. Los "llamichus" se pasean haciendo sus gracias. Momentos centrales. Rocían al agua nueva con un polvo especial (no me acuerdo su nombre en quechua) hecho de conchas de mar. Todo el pueblo está alegre. Cantan huaynos llenos de sentimiento. Mezcla de llanto y de rabia. Beben, bailan y se empujan entre sí. Es la "fiesta del agua". Son las 4.30 pm. Debo regresar a Puquio porque a las 6pm sale el "Ómnibus Sánchez" que regresa a Lima. Retorno en un "taxi-cholo". Impresionado y ala vez cuestionado en mis creencias. Me surgen interrogantes como esta: ¿qué preservar de estas creencias y manifestaciones culturales, si tienen como base que "el agua vive" y que son los "apus" quienes nos dan el agua? ¿qué preservar de esto cuando las bases científicas nos dicen otra cosa? ¿la educación al enseñar lo que es el agua y los cerros no carcomen los cimientos de estas creencias ancestrales? ¿Cómo conjugar una propuesta educativa que al mismo tiempo desarrolle ciencia y tecnología en nuestro pueblo, sin que por ello minimice la identidad cultural?
Sigfredo Chiroque
Los auquis se encuentran con el pueblo, mientras el agua nueva corre por la acequia. Los auquis toman varios tipos de bebidas. Antes de beber rocían parte en el agua, mientras se coloca la flor de la retama en las acequias. Hay un delirio generalizado. Casi todos hablan en quechua y le cantan al agua. Todos beben licor, pero haciendo "pago" al agua. Me invitan chicha de arampito, chicha de jora, cañazo. Tengo que hacer también "pago" a la pacha-mama. Los "llamichus" se pasean haciendo sus gracias. Momentos centrales. Rocían al agua nueva con un polvo especial (no me acuerdo su nombre en quechua) hecho de conchas de mar. Todo el pueblo está alegre. Cantan huaynos llenos de sentimiento. Mezcla de llanto y de rabia. Beben, bailan y se empujan entre sí. Es la "fiesta del agua". Son las 4.30 pm. Debo regresar a Puquio porque a las 6pm sale el "Ómnibus Sánchez" que regresa a Lima. Retorno en un "taxi-cholo". Impresionado y ala vez cuestionado en mis creencias. Me surgen interrogantes como esta: ¿qué preservar de estas creencias y manifestaciones culturales, si tienen como base que "el agua vive" y que son los "apus" quienes nos dan el agua? ¿qué preservar de esto cuando las bases científicas nos dicen otra cosa? ¿la educación al enseñar lo que es el agua y los cerros no carcomen los cimientos de estas creencias ancestrales? ¿Cómo conjugar una propuesta educativa que al mismo tiempo desarrolle ciencia y tecnología en nuestro pueblo, sin que por ello minimice la identidad cultural?
Sigfredo Chiroque
Wednesday, November 09, 2005
Educação Popular II
Aqui está a segunda parte do texto de Sigfredo Chiroque:
En Puquio (manantial), he trabajado con docentes. Pero me dí tiempo, para ir a las comunidades cercanas donde se celebró este sábado 11 de setiembre la "Fiesta del Agua". Estuve confundido con los campesinos y campesinas en la ceremonia profunda que ellos hacen todos los años. Desde el lunes 6 de setiembre, los "Auquis" (ancianos escogidos) se habían ido hasta la cima de la cordillera a "traer el agua nueva". Una señora del lugar me dice "allá arriba vive el agua". Los "auquis" se fueron hasta el pico de las montañas y allí hicieron el "pago" a los "apus" y a la"pachamama". El "pago" consiste en sacrificar una llama y regar la tierra y los "puquios" con la sangre caliente del animal. Alimentos, chicha y coca complementan el "pago". Después del "pago", los auquis vienen limpiando el antiquísimo canal, haciendo ceremonias que solamente ellos saben hacer (pues se trata de rituales secretos). Traen el agua nueva para sus tierras y justamente este sábado 11 de setiembre el barrio de Collana de Puquio celebraba el ingreso del agua hasta la comunidad. Todo el pueblo salió hasta un lugar especial. Los danzantes de tijeras entran en contrapunto, los "llamichus" se pasean entre la gente haciendo bromas y haciendo beber trago. Los "llamichus" son jóvenes y niños que ponen orden en la fiesta, hacen tomar y hacen chistes. Aparece un "nakaj" (representando a los conquistadores españoles). Con su cara teñida de negro, irrumpe entre las gentes que lo reciben con pifias y empujones. Vienen los "llamichus" para correr al "nakaj". Los danzarines de tijeres ríen en contrapunto de movimientos y de bebidas alcohólicas (chupadera), al ritimo del violín y el arpa. De repente, la gente se alborota: ¡aparecen los auquis! ¡viene el agua! Los"llamichus" hacen sonar sus huaracas (hondas) y latas de adorno. Gritan. Hablan en quechua. Un amigo me traduce lo que dicen: "aguita, aguita, camina, camina, vive con nosotros".
En Puquio (manantial), he trabajado con docentes. Pero me dí tiempo, para ir a las comunidades cercanas donde se celebró este sábado 11 de setiembre la "Fiesta del Agua". Estuve confundido con los campesinos y campesinas en la ceremonia profunda que ellos hacen todos los años. Desde el lunes 6 de setiembre, los "Auquis" (ancianos escogidos) se habían ido hasta la cima de la cordillera a "traer el agua nueva". Una señora del lugar me dice "allá arriba vive el agua". Los "auquis" se fueron hasta el pico de las montañas y allí hicieron el "pago" a los "apus" y a la"pachamama". El "pago" consiste en sacrificar una llama y regar la tierra y los "puquios" con la sangre caliente del animal. Alimentos, chicha y coca complementan el "pago". Después del "pago", los auquis vienen limpiando el antiquísimo canal, haciendo ceremonias que solamente ellos saben hacer (pues se trata de rituales secretos). Traen el agua nueva para sus tierras y justamente este sábado 11 de setiembre el barrio de Collana de Puquio celebraba el ingreso del agua hasta la comunidad. Todo el pueblo salió hasta un lugar especial. Los danzantes de tijeras entran en contrapunto, los "llamichus" se pasean entre la gente haciendo bromas y haciendo beber trago. Los "llamichus" son jóvenes y niños que ponen orden en la fiesta, hacen tomar y hacen chistes. Aparece un "nakaj" (representando a los conquistadores españoles). Con su cara teñida de negro, irrumpe entre las gentes que lo reciben con pifias y empujones. Vienen los "llamichus" para correr al "nakaj". Los danzarines de tijeres ríen en contrapunto de movimientos y de bebidas alcohólicas (chupadera), al ritimo del violín y el arpa. De repente, la gente se alborota: ¡aparecen los auquis! ¡viene el agua! Los"llamichus" hacen sonar sus huaracas (hondas) y latas de adorno. Gritan. Hablan en quechua. Un amigo me traduce lo que dicen: "aguita, aguita, camina, camina, vive con nosotros".
Educação e Cultura Popular I
Ano passado, Sigfredo Chiroque, fundador do Instituto de Pedagogia Popular e membro do Conselho Nacional de Educação do Peru, escreu um texto apaixonado e bonito sobre uma viagem que fez a Puquio, destacando um encontro interessante com a cultura popular. Acho que essa produção de Chiroque merece ser mais conhecida. Já a postei numa lista da qual participo. Agora, ao rever meus guardados, reencontrei a obra de meu amigo peruano. Resolvi registrá-la neste blog. Segue aqui a primeira parte do texto:
Para ir a Puquio, primero uno va a Nazca (sur del Perú). Desde este lugar,
uno trepa los Andes, por 2 horas. En la cima, hay una planicie que se
llama "Pampa Galeras". Es una puna muy fría, con paisaje lindo, al costado
de picos nevados. Miles de vicuñas viven en esta "reserva natural". Los
animales se pasean por la pista, porque ya se acostumbraron al paso de los
carros. Una experiencia inolvidable.
Desde Pampa Galeras, uno comienza a descender la "Cordillera Occidental"
de los Andes. Baja hasta la ciudad de Lucanas, lugar cercano a la
comunidad de UTEC donde vivió José María Arguedas. La miseria, la rabia,
la esperanza, la tristeza y la protesta se confunden en los rostros de las
gentes; y se expresan en los cantos, con guitarra, arpa y charango. Yo no
contengo mi sentimiento: lloro y me carcome la rabia y las ganas de seguir
peleando para que esta gente -nuestra gente- viva como gente.
Es la segunda vez que vengo por estas tierras. Respiro las narraciones de
José María. Comprendo mejor el sentimiento de su prosa.
De Lucanas uno trepa de nuevo la cordillera, yendo más al sur. Al otro
lado, se ve Puquio. Después de 12 horas de salidos de Lima, llego a esta
ciudad. Si hubiese continuado el viaje hacia el este, llegaría a
Andahuaylas-Ayacucho; si prosiguiese hacia el sur, llegaría a
Chalhuanca-Abancay-Curahuasi-Cusco. Ahora hay carreteras asfaltadas o
afirmadas. Pero en tiempos de Arguedas, solamente habían trochas y uno se
trasladaba a caballo, cruzando cerros y quebradas, valles y punas, ríos y
lagunas en el lomo de Los Andes. Sé que estos parajes fueron trajinados
por Arguedas y es el escenario de su obra "Los ríos profundos".
Para ir a Puquio, primero uno va a Nazca (sur del Perú). Desde este lugar,
uno trepa los Andes, por 2 horas. En la cima, hay una planicie que se
llama "Pampa Galeras". Es una puna muy fría, con paisaje lindo, al costado
de picos nevados. Miles de vicuñas viven en esta "reserva natural". Los
animales se pasean por la pista, porque ya se acostumbraron al paso de los
carros. Una experiencia inolvidable.
Desde Pampa Galeras, uno comienza a descender la "Cordillera Occidental"
de los Andes. Baja hasta la ciudad de Lucanas, lugar cercano a la
comunidad de UTEC donde vivió José María Arguedas. La miseria, la rabia,
la esperanza, la tristeza y la protesta se confunden en los rostros de las
gentes; y se expresan en los cantos, con guitarra, arpa y charango. Yo no
contengo mi sentimiento: lloro y me carcome la rabia y las ganas de seguir
peleando para que esta gente -nuestra gente- viva como gente.
Es la segunda vez que vengo por estas tierras. Respiro las narraciones de
José María. Comprendo mejor el sentimiento de su prosa.
De Lucanas uno trepa de nuevo la cordillera, yendo más al sur. Al otro
lado, se ve Puquio. Después de 12 horas de salidos de Lima, llego a esta
ciudad. Si hubiese continuado el viaje hacia el este, llegaría a
Andahuaylas-Ayacucho; si prosiguiese hacia el sur, llegaría a
Chalhuanca-Abancay-Curahuasi-Cusco. Ahora hay carreteras asfaltadas o
afirmadas. Pero en tiempos de Arguedas, solamente habían trochas y uno se
trasladaba a caballo, cruzando cerros y quebradas, valles y punas, ríos y
lagunas en el lomo de Los Andes. Sé que estos parajes fueron trajinados
por Arguedas y es el escenario de su obra "Los ríos profundos".
Sunday, November 06, 2005
Ótimo uso da Internet em química
Os exemplos mais frequentes de WebQuests bem feitas geralmente referem-se a trabalhos em áreas das ciências humanas.Exemplos de produções de qualidade em ciências fisico-químicas ou matemáticas são mais raros. Por isso, acho importante divulgar o trabalho da Professora Soraya Saadeh, do Colégio Bandeirantes. No final de 2003, Soraya me enviou para apreciação duas WebQuests que ela já tinha utilizado com seus alunos. Dei-lhe uma resposta imediata e prometi fazer uma análise mais cuidada dos trabalhos enviados. Nunca cumpri a promessa, em parte porque as WebQuests da Soraya são exemplares. Meus comentários não acrescentariam muito na orientação de possíveis melhorias que a autora poderia fazer.
Além das WebQuests, a professora do Bandeirantes publicou também informação sobre os produtos elaborados pelos alunos. Propostas de ensino-aprendizagem acompanhadas de resultados de aplicação têm grande valor informativo. Pena que no caso do trabalho da Soraya já não estejam mais no ar as histórias em quadrinhos elaboradas pelos alunos que passaram pela WQ Substâncias Químicas. Mas, para nossa admiração, ainda estão na rede cópias dos cartazes feitos pelos alunos que passaram pela WQ Proprieades Coligativas.
Para ver o trabalbalho da Professora Soraya Saadeh clique aqui.
Além das WebQuests, a professora do Bandeirantes publicou também informação sobre os produtos elaborados pelos alunos. Propostas de ensino-aprendizagem acompanhadas de resultados de aplicação têm grande valor informativo. Pena que no caso do trabalho da Soraya já não estejam mais no ar as histórias em quadrinhos elaboradas pelos alunos que passaram pela WQ Substâncias Químicas. Mas, para nossa admiração, ainda estão na rede cópias dos cartazes feitos pelos alunos que passaram pela WQ Proprieades Coligativas.
Para ver o trabalbalho da Professora Soraya Saadeh clique aqui.
Thursday, November 03, 2005
Revista Eletrônica
Está no ar o 2º número de DIM- Didatica e Multimidia, revista eletrônica da Universidad Autónoma de Barcelona. Divulgo comunicação do próprio periódico:
La Revista DIM, especializada en e-learning, está dirigida a profesores de
todos los niveles educativos que utilizan las TIC en la educación,
investigadores, profesionales, empresas del sector y en general a cualquier
persona interesada en la innovación pedagógica con las Tecnologías de la
Información y la Comunicación.
En este número, en la sección "entrevistas", contamos con Javier Escarajedo
Arrese, Maestro de Educación Primaria.
En el apartado “artículos”, abordamos las siguientes temáticas:
* “La oportunidad WebQuest”. José Luis Fierro Monteagudo.
* “WebQuestcat”. Anna Pérez
* “Linux Terminal Server Project en la escuela”. Ramón Castro Pérez.
A publicação é gratuita. Você pode acessá-la clicando aqui.
La Revista DIM, especializada en e-learning, está dirigida a profesores de
todos los niveles educativos que utilizan las TIC en la educación,
investigadores, profesionales, empresas del sector y en general a cualquier
persona interesada en la innovación pedagógica con las Tecnologías de la
Información y la Comunicación.
En este número, en la sección "entrevistas", contamos con Javier Escarajedo
Arrese, Maestro de Educación Primaria.
En el apartado “artículos”, abordamos las siguientes temáticas:
* “La oportunidad WebQuest”. José Luis Fierro Monteagudo.
* “WebQuestcat”. Anna Pérez
* “Linux Terminal Server Project en la escuela”. Ramón Castro Pérez.
A publicação é gratuita. Você pode acessá-la clicando aqui.
Wednesday, November 02, 2005
Cazas del Tesoro
Recentemente os educadores espanhois deram destaque a um modelo de organização da informação que os gringos chamam de Scavenger Hunt. Vários autores produziram nessa linha Cazas del Tesoro. Para uma excursão nesse campo, recomendo como ponto de partida o site de meus amigos do PORTAL DE LA COMUNITAT CATALANA DE WEBQUEST (http://www.webquestcat.org/).
Um dos trabalhos mais bem cuidados de Cazas del Tesoro é uma produção feita por alunos de ensino fundamental do CEIP San Walabonso de Niebla(Huelva). No caso, em vez de professores-autores, temos alunos-autores. Os docentes de San Walanbonso acharam que o modelo de Cazas del Tesoro são uma boa estrutura para ajudar as crianças a criarem páginas com conteúdos expressivos na Web. Os trabalhos são muito bonitos. Não concordo inteiramente com a solução, pois acho que caças ao tesouro são uma ferramenta para professores, mas as crianças fizeram produções de gente grande.
Um dos trabalhos mais bem cuidados de Cazas del Tesoro é uma produção feita por alunos de ensino fundamental do CEIP San Walabonso de Niebla(Huelva). No caso, em vez de professores-autores, temos alunos-autores. Os docentes de San Walanbonso acharam que o modelo de Cazas del Tesoro são uma boa estrutura para ajudar as crianças a criarem páginas com conteúdos expressivos na Web. Os trabalhos são muito bonitos. Não concordo inteiramente com a solução, pois acho que caças ao tesouro são uma ferramenta para professores, mas as crianças fizeram produções de gente grande.
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