O título de uma melodia famosa de Pablo Milanes - " A vida não vale nada" - virou manchete permanente de notícias sobre o Brasil. Na sexta que passou, mais uma matança de gente pobre, trabalhadora e inocente aconteceu na Baixada Fluminense. Ao ler os jornais no sábado, minhas emoções foram da indignação à uma resignada aceitação do que está acontecendo à nossa volta. Fiquei me achando covarde: como é que trinta pessoas são mortas de modo absurdo e eu apenas fico no meu canto calado? Mell, um velho amigo americano, por muito menos - uma notícia sobre corrupção no Brasil em 1982- me disse que os brasileiros tinham sangue de barata. Na ocasião argumentei que ele estava exagerando. Expliquei-lhe que somos muito pacientes. A chacina mais recente parece dar razão ao Mell: somos covardes.Vivemos num estado de barbárie e fazemos de conta que a extrema violência que está matando absurdamente pessoas inocentes em nossas periferias é problema deles.
A Folha publicou algumas fotos dos mortos. Gente pobre e mulata, surpreendida pelos assassinos no meio da rua, em botecos, e a té mesmo em locais de trabalho. Chorei um choro sem lágrimas vendo aquela pobre gente morta. Que país é esse? Que povo somos nós? As medidas tomadas pelo governo, estadual e federal, vão resultar numa investigação que dará em nada.O próprio governo do Estado do Rio acha que os assassinos são policiais que resolveram mostrar seu desagrado com relação a uma possível investigação de corrupção da polícia. Nenhuma medida para acabar com as raízes de tanta violência. As chacinas vão continuar. Impunemente.
Hoje, na coluna dos leitores da Folha, um assinante escreveu nota indignada contra o jornal por causa da publicação das fotos de alguns dos assassinados. Disse que tem crianças em casa. Perguntou como a Folha ousa divulgar fotos que poderão ofender a inocência de seus filhos. Pois é... Chegamos a esse ponto: nossa classe média não quer que os filhos vejam o tamanho da violência que está atingindo nossos pobres. Por causa de reações como essa, fico com a impressão que a violência contra os mais pobres vai aumentar. Indignação mesmo só quando a barra pesada dos confins das cidades fizer alguma vítima nos Jardins.
E os educadores? Vão ficar calados? Ou assassinato de trinta pessoas inocentes é uma coisa normal?
1 comment:
Infelizmente, este é o mundo em q vivemos. Um mundo sem respeito, sem amor. Aprendi, apesar de ainda ser mt jovem (teho somente 17 anos) que, apesar do que digam, o amor não vence, mas o mal.
A maldade existe em cada um de nós, o difícil é encontrar a nossa parte boa. Essas pessoas não mereciam morrer, mas este é o nosso mundo.
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