A obra narra a aventura de um quinteto de sopro que foi fazer música numa escola cujos alunos revelavam dificuldades de aprendizagem. Tal aventura musical foi planejada por Peter Perret, maestro da orquestra sinfônica de Winston-Salem, Carolina do Norte. Tudo começou nos primeiros anos da década de 1990 em conversas do maestro com seus músicos. No período letivo de 1994/5, o quinteto começou a concretização do projeto em Bolton, uma escola pública. Os alunos eram crianças do último ano do pré-primário e das três primeiras séries do ensino fundamental. Os resultados foram melhor que o esperado. As crianças que passaram por um currículo apoiado pelas atividades do quinteto revelaram progressos notáveis em linguagem e matemática.
Perret sempre se interessou por estudos no campo da neurociência, particularmente aqueles que investigam relações entre educação musical e funcionamento do cérebro. Há uma ou outra pesquisa que mostra certos ganhos intelectuais resultantes da educação musical. Mas Perret nos aconselha prudência na hora de considerar recentes descobertas no campo do funcionamento do cérebro. Segundo o autor, a paisagem nessa área da ciência vem mudando muito rapidamente. Por isso ainda não é possível afirmar com certeza que áreas do cérebro são afetadas pela música. Um dos problemas encontrado é o de que “os cientistas estão descobrindo que diferentes partes do cérebro estão envolvidas em muitas redes usadas no processamento de diversas ações, percepções e idéias”. Por isso é difícil indicar especificamente onde a música atua. Por outro lado:
... a música pode melhorar a agilidade cognitiva – ou seja, a capacidade de gerenciar informações em conflito e de escolher aquela que se aplica a determinada situação.
É quase certo que o desempenho musical com as demandas de leitura de partituras, de memória, de controle motor, de coordenação, e de expressividade emocional, pode eventualmente preparar as pessoas para uma variedade de funções perceptuais e executivas, levando a uma agilidade e competência cognitiva.
No trecho citado, Perret, coloca uma direção que pode gerar muitas idéias promissoras sobre o papel desempenhado pela música no desenvolvimento de algumas de nossas capacidades intelectuais. A proposta do maestro nada a ver com certa tendência de uso da música em educação com objetivo de amenizar certos conteúdos e tornar a educação mais divertida. Ele propõe algo bem diferente; uma educação musical cujos efeitos melhoram atividades cerebrais que são importantes na apreensão de outros conteúdos.
Em vez de resumir ou comentar outras observações do autor sobre educação, música e cérebro, acho conveniente reproduzir aqui o original.
A aprendizagem multisensorial- ou seja, a aprendizagem por meio do uso de todos os sentidos, o que certamente é parte do que ensinamos [o autor se refere ao projeto Bolton] – usa fontes de informação em conflito e pode fazer com que o cérebro escolha aquela que importa. Articular essas fontes em conflito (ou complementares) deve causar a formação de redes [neuronais] mais amplas e mais ricas. A ciência esta estabelecendo as bases para explicar a experiência do quinteto. Pesquisadores interessados nas artes e em como as crianças aprendem estão encontrando sinais promissores de que melhorias como as descritas neste livro são fisiológicas e não apenas psicológicas. Este livro é apenas o começo.
Importantes líderes no campo da aprendizagem e do cérebro nos sugeriram que outras artes, abordadas de modo a criar interesse por parte das crianças, pode ter o mesmo potencial.
Para encerrar, tento pontuar as idéias-força de Peter Perret:
• A música é um conteúdo importante e indispensável para o desenvolvimento de nossas capacidades intelectuais.
• Aprendizagem musical, bem conduzida e profunda, resulta em melhorias sensíveis na aprendizagem de outros conteúdos.
• A melhoria do desempenho escolar, conforme se observa no projeto Bolton, é um objeto interessante de investigação no campo da neurociência. Os resultados de tais investigações, por sua vez, poderão enriquecer mais ainda a articulação entre a educação musical e outras dimensões do currículo.
• Embora a arte possa ser a sua própria justificativa em termos educacionais, as aprendizagens artísticas podem alavancar outras aprendizagens.
Volto à música. A contribuição de Perret certamente faz muita diferença. Ela apresenta um caminho que pode enriquecer a educação e, ao mesmo tempo, indicar rumos para aprendizagens mais prazerosas.
3 comments:
Jarbas, muito obrigada pela dica!
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