Desempregado, Gates, criou uma consultoria e foi levando a vida até ficar completamente quebrado aos sessenta e dois anos. Aos sessenta e três esperava inutilmente chamado de algum cliente. Tomar café numa loja Starbucks era seu último luxo. Um dia, entrou numa Starbucks onde gerentes de várias unidades de Nova Iorque participavam de um dia de recrutamento. Ele não viu a faixa que anunciava o evento. Entrou como de costume na loja, pediu o seu café e acomodou o celular à espera de chamadas de clientes que jamais ligavam. Mais um dia de um velho desempregado e sem esperança.
De repente, surge à sua frente uma moça negra e bonita, vestindo o uniforme da grande rede de cafés, que lhe pergunta: "quer trabalhar comigo?". Pergunta inusitada. Sem pensar, Gates deu uma resposta automática: "quero". A moça se apresentou, informou que era gerente de uma loja distante, anotou os dados de Mike e lhe disse que entraria em contato.
Dias depois Mike recebeu um telefonema. Era a moça. Convidava-o para uma entrevista. Ele foi aprovado. Começou na faxina. Mais tarde foi aprendendo outras funções na Starbucks até dominar todas as rotinas de serviço e atendimento típicos da grande rede. Vive uma vida com a qual nunca sonhara. Seus parceiros de trabalho são quase todos muito jovens. São quase todos negros. São quase todos oriundos dos "projetos",aqueles bairros de cortiços da área de Nova Iorque. Aprende um trabalho braçal e exigente do ponto de vista físico. Convive com seus novos companheiros que o aceitam sem restrições aparentes.
O episódio todo é um exemplo bonito de aprendizagem. Mike aprende não apenas uma profissão. Aprende a viver de novo. Reflete sobre seus velhos valores. Arrepende-se de sua auto-suficiência e falta de sensibilidade dos tempos de executivo poderoso. Ganha novo sentido para a sua vida. Aprende que a elite é, em muitos sentidos, ignorante. Relembra, agora com toda a carga de significado que sua atuação no Starbucks dá ao texto, um velho dito de Fitzgerald:
Work is Dignity
3 comments:
Olá, Mestre!
Me pareceu bacana esse livro do Gill. Há tempos quero sair um pouco da leitura ciêntífica...Levarei teu comentário como sugestão, mais uma vez. (Sua última recomendação, "Vida Maravilhosa", do Gould, me rendeu muita satisfação...acabo de me lembrar de "Montaillou" também!)
Bom, espero que meu inglês mequetrefe, e o tempo de férias dezembrais, de conta da leitura.
Um abraço, Professor,
Victor Soficier
Alô Victor,
Leia mesmo o livro do Mike Gates Gill. É uma lição de vida imperdível.Quanto ao inglês, o texto é bastante amigável.Com algum esforço,gente com um inglês básico pode se aventurar...
Abraço,
Jarbas
Olá,
li este o livro do sr. Gill e adorei, linguagem simples e nos leva a perceber coisas que deixamos passar em nossas vidas sem dar atenção.
O recomeço de alguém é sempre motivador e serve como lição para lembrarmos nos momentos em que estamos nos sentindo prá baixo. Gostei muito!!
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