Thursday, December 13, 2007

Aí ... aí ... aí ... aí ...

De uns anos para cá tenho reparado que adolescentes e jovens usam a torto e a direito aís para articular narrativas. Hoje passei por uma adolescente que contava para outra um caso qualquer. A fala da moça esteve ao alcance de meus ouvidos por um minuto. Nesse curto período, a narradora usou uns oito aís: ... falei x para ele ... aí ele me disse ... aí chegou fulana ... aí ele me disse ... aí ... Que está acontecendo? Todos esses aís são um sintoma de empobrecimento do discurso de nossa garotada? Ou o caso é apenas uma moda passageira? Minha desconfiança é a de que há um empobrecimento de linguagem, ou pelo menos algum tipo de preguiça mental, pois tal excesso de aís é indicador de uma fala infantil. Alguém tem alguma explicação mais fundamentada que essa minha desconfiança?

4 comments:

Maísa Fernandes said...

Oi Jarbas. Penso também que a falta de experiências literárias significativas na vida familiar e escolar de crianças e jovens, tem produzido essa infantilização nos diálogos e consequentemente em tudo que produzirem. Tem muito trabalho a ser feito.
Falando nisso, indiquei seu blog para uma corrente literária que achei bem interessante.
Entre no http://vocetalendooque.blogspot.com e veja como funciona, é bem simples. Vamos aderir?
Até mais,
Maísa

Jarbas said...

Oi Maísa,

Entrei na roda. Mais uma vez. E já publiquei a devida quinta frase da obra que estava ao alcance da minha mão na hora de cumprir a tarefa do meme da página 161. Veja o resultado aqui mesmo no Aprendente. Abraço, Jarbas.

Sindy said...

Jarbas,
acho que os AÍS não são modismo, já estão incorporados no cotidiano das pessoas. Tenho colegas professores que os usam, assisti palestras cheias de aís,... Mas existem algumas variações: daí..., né?, tá?, entre outros.
Não sei se é empobrecimento da linguagem, preguiça mental, comportamento infantil, só sei que eles estão por aí! E sendo muito usados!
Abçs
Sintian

Jarbas said...

Oi Sindy,

Bom receber visita sua. Tenho impressão de que os muitos AÍS em narrativas não são da mesma espécie que cacoetes verbais como os TÁS ou os NÉS. Os AÍS, parece-me, são elementos utilizados para costurar narrativas. Ao serem utilizados como única forma de sequenciar uma história acabam, a meu ver, empobrecendo o discurso. E se já foram incorporados ao falar do dia-a-dia, mesmo o culto, penso que nos cabe ligar o alarme.
Talvez toda essa minha preocupação seja pura bobagem. Mas eu queria muito saber a opinião de alguém das letras. Se não aparecer ninguém de modo espontâneo, vou consultar minha amiga Ana Scatena lá em

http://anascatena.blogspot.com/

Abraço grande,

Jarbas