Monday, February 18, 2008

Educação: não há vagas para velhos



Faz algum tempo que comentei neste espaço demissão de uma professora que a escola considerou muito velha (tinha um pouco mais que cinquenta anos). O que não revelei na época foi que uma das orientações que a mencionada instituição de ensino vem utilizando para "renovar" seus quadros é determinada pela assessoria de marketing. Esta última decretou que os jovens alunos querem professores mais próximos de sua faixa etária, sintonizados com os valores e gostos da moçada. Um dia qualquer, quero examinar aqui com mais vagar a crescente influência das assessorias de marketing nos projetos pedagógicos das escolas privadas. Mas, agora, quero voltar à questão da idade no trabalho educacional.
Os dados demográficos mostram tendência de um crescimento expressivo do grupo de idade que já atravessou a barreira dos sessenta. E os muitos cuidados de saúde preventiva resultam em senhoras e senhores, de sessenta ou mais anos, com muita disposição, capacidade, competência, vontade de viver. Ao mesmo tempo, as faixas de menos idade estão acusando reduções significativas. Proporcionalmente, um número menor de crianças estará entrando nas escolas nas próximas décadas. Pessoas, antes consideradas idosas, continuarão a precisar de atualização e aprendizagem de novos conhecimentos, para viver e para trabalhar. A preocupação quase que exclusiva com a educação das "crianças" dará lugar a uma visão mais equilibrada de educação permanente. E os educadores não podem deixar isso para amanhã. A hora é agora.
Mudo o rumo da conversa de novo. Quando comecei este post queria mais era contar um fato ocorrido no final de 2007. Uma escola católica em processo de encerramento de atividades, abriu espaço para que uma freirinha de um grande colégio conversasse os alunos. Na conversa, classe a classe, a irmã oferecia seu colégio como solução de continuidade de estudos numa instituição simular à que estava fechando suas portas. No big deal, diriam os gringos. Apenas uma ação entre amigos. E acho até legítimo que isso tenha acontecido. Mas houve uma outra conversa da freirinha que não me agradou.
Na sala dos professores, alguém se dirigiu à irmã para um perguntinha: "a senhora está aqui recrutando alunos para seu colégio, sabe que nossa escola vai fechar; há algum plano para aproveitar nossos professores?". A pergunta fazia sentido. Os professores da casa iriam perder seu emprego. Nada mais justo saber se a freirinha estava considerando a possibilidade de aproveitar docentes da escola que cessava atividades. Resposta da irmã: "posso considerar alguns currículos, mas apenas os de professores com menos de trinta e cinco anos". Preocupante, não? A populçao envelhece. Os velhos são cada vez mais saudáveis. O número de crianças e jovens tende a cair. E certos educadores estão afastando talentos maduros de suas instituições.

3 comments:

Anonymous said...

35 anos? A tal freirinha foi muito infeliz. Para não dizer preconceituosa. E isso considerando que ela pertence a uma instituição, a Igreja católica, que tem muita gente de idade avançada em postos chave!
Incluindo o Papa!

Morales said...

a mensagem saiu como postada por anônimo. Corrigindo...

35 anos? A tal freirinha foi muito infeliz. Para não dizer preconceituosa. E isso considerando que ela pertence a uma instituição, a Igreja católica, que tem muita gente de idade avançada em postos chave!
Incluindo o Papa!

Maria Amélia said...

São fatos que beiram o inacreditável... Estou, como professora recém-formada, do outro lado da questão, e digo: meu trabalho seria muito pobre e extremamente inferior se não pudesse contar com colegas mais experientes, com décadas de profissão. Na verdade, faço um esforço para não invejar a sabedoria educacional de cada um deles. Choca-me, portanto, perceber a atitude que algumas escolas tomam, ao preterir tão categoricamente professsores capacitados apenas por sua idade.