Publiquei uma tradução das páginas finais de Left Back, livro de Diane Ravitch sobre os equívocos da Escola Nova. Vale a pena conhecer tal material. Se você for curioso e quiser saber mais, dê um pulo lá em 6. A Importância das Escolas.
Espaço de comunicação sobre Weblogs em educação, WebQuests, WebGincanas e outros recursos TIC, além de eventuais comentários sobre o que rola no mundo.
Monday, June 25, 2007
Sunday, June 24, 2007
Educação com conteúdo
Acabo de ler um livro fundamental: Left Back: a century of failed school reforms, de Diane Ravitch. A autora narra e analisa as aventuras das reformas educacionais acontecidas nos últimos cento e cinquenta anos nos EUA. O foco principal do livro é uma crítica ao escolanovismo, um ideário pedagógico ainda hegemônico. Embora o estudo de Ravitch refira-se aos Estados Unidos, boa parte dos comentários que ela faz servem como uma luva para a educação no Brasil.
A Escola Nova, ao criticar o autoritarismo e outros males do ensino tradicional, jogou fora água, banheira e nenê. Jogou fora principalmente o conteúdo. Centrou tudo no aluno, inclusive o saber. Com isso, patrimônio comum da cultura humana deixou de ser riqueza que a escola deveria tentar repassar para as novas gerações. Hoje, travestido de (suposto) construtivismo, esse movimento continua. Se o aluno "não se interessar", conteúdos importantes ficam fora das cogitações escolares. E se alguém propõe ensino destes conteúdos, logo é lembrado de que a escolha é do aluno, não do professor ou de outros agentes da educação. As consequências desse script que atribui ao aluno todos os papéis ativos do aprender podem resultar em empobrecimento cultural, ignorância histórica, embrutecimento de boa parte da população, irracionalismo, anti-intelectualismo, diminuição de possibilidades de exercício da democracia etc.
Conservo aqui neste comentário o tom forte e polêmico que a Professora Diane Ravitch imprime a seu livro. Acho que vale a pena considerar tal crítica. A fé escolanovista, hoje recristianizada sob o rótulo de construtivismo, precisa ser contestada, pois ela empobrece a educação.
Dianne Ravitch realiza debates regulares com a educadora Deborah Meier por meio do blog Bridging Differences, mantido pela revista Education Week.
Thursday, June 21, 2007
Voto Vale
Este blog tem como alvo principal Tecnologia Educacional. Mas, muito de vez em quando, posto aqui algumas coisas que "rolam pelo mundo". Talvez devesse postar mais sobre estes outros assuntos. E no momento, tenho um bom motivo para tanto. No affair ética no senado, procurei um modo de participar. Fiz isso por meio de e-mails aos senadores que ajudei a eleger com meu voto. Mas minha primeira mensagem ficou muito palavrosa e sem a contundência necessária. Ontem mandei uma mensagem que, acredito, passa de modo sintético e significativo o alerta que nossos representantes precisam receber. Escrevi simplesmente:
Deixo aqui a sugestão. Se você a acha adequada, não deixe de mandar o recado para os senadores que se elegeram com seu voto. Afinal de contas voto vale.
VOTE COM SEUS ELEITORES
Deixo aqui a sugestão. Se você a acha adequada, não deixe de mandar o recado para os senadores que se elegeram com seu voto. Afinal de contas voto vale.
Sunday, June 17, 2007
Mais WebGincanas
Há mais WebGincanas no ar. Se você quiser ver outros exemplos desse modo de organizar a informação em usos educacionais da Internet , apareça no Boteco Escola, numa roda de conversa cuja entrada pode ser feita por meio deste link.
Wednesday, June 13, 2007
Uma WebGincana sobre o sangue
Meus alunos da Licenciatura estão finalizando seus relatórios de aplicação de WebGincanas. Espero ter bastante dados para alimentar posts sobre um modo de organizar informações que pode facilitar usos estruturados da Web para fins educacionais. Entre as WebGincanas "em teste" há uma que se chama Sangue é Vida. Foi aplicada num programa de Universidade da Terceira Idade, mas ainda não tenho em mãos o respectivo relatório de aplicação.
Sangue e Vida é uma idéia interessante que poderia ser aproveitada como programa educacional numa campanha com o objetivo de mais informar possíveis doadores. A WebGincana em tela utiliza um ambiente de palavras cruzadas para registro das respostas às onze primeiras questões do Desafio. Vale a pena dar um olhada no material. E seria muito bom, para mim e para o grupo-autor, receber comentários, apreciações, críticas e perguntas de prováveis leitores.
Saturday, June 09, 2007
Pesquise na Internet
O pedido ou ordem que aparece no título deste post é um dos indicadores de modernidade no ensino de nossos dias. Ou, pelo menos, é o entendimento de modernidade que predomina na mídia quando se fala em usos das novas tecnologias de informação e comunicação. Muita gente deve se lembrar de uma propaganda que tem tal indicador como fundo. Trata-se de uma história para promover um provedor de banda larga. No final da história, uma criança, que não possui a maravilhosa novidade, é apresentada como um menino das cavernas entregando sua "pesquisa" gravada em blocos de pedra. Já a criança cujo pai assinou aquele serviço da internet apresenta um volume imenso de páginas com muito texto e belas imagens.
Esse modo de mostrar as virtudes da modernidade é recorrente. Já o vi, por, exemplo, num vídeo educacional do Senac que aponta diferenças entre a antiga e a nova secretária. A primeira tem um trabalho triste, dominado por máquinas velhas, lentas, feias. A segunda vive num ambiente de trabalho alegre, e usa máquinas reluzentes, rápidas, lindas.
No ano 2000, em visita à Universidade de Guadalajara, recebi um vídeo institucional sobre trabalho docente. Nas primeiras cenas, em um mundo triste, preto e branco, o professor desastrado entra na sala de aula com uma valise surrada e usa um quadro negro que vai quebrando em pedaços o giz que não "pega". Total desinteresse dos estudantes. Nas cenas finais, brilhantemente coloridas, o mestre alegre usa datashow, encanta os alunos entusiasmados pelo que é ensinado. Há, ao que parece, um padrão único de script para todas essas histórias sobre modernidade em educação. Mas não vou analisar toda a paisagem. Quero apenas registrar observações sobre utilizações da internet.
Num post recente (04/06/2007), meu amigo Bernie Dodge tenta, mais uma vez, mostrar que não é um expert em Triângulo das Bermudas. A razão para esse cuidado do Bernie é o grande número de pedidos que ele recebe, via e-mail, de auxílios para trabalhos escolares sobre o misterioso (pseudo) fenômeno que alimenta diversas lendas sobre sumiços de aviões e barcos em certo trecho do oceano. E por que alunos de diversas escolas recorrem ao professor da San Diego State University? Porque uma velha sinopse de WebQuest que tem o Triângulo das Bermudas como um chamariz para investigações de caráter científico, confrontando mito e história, continua no ar. E em tal página, Bernie aparece como coordenador do trabalho (instructor). A sinopse não apresenta nenhum conteúdo sobre o suposto mistério do Triângulo da Bermudas. Apenas delineia possíveis caminhos que os autores da WebQuest deveriam percorrer para chegar ao produto final. Mas alunos de várias escolas continuam a recorrer ao Bernie como fonte para "projetos" que têm o misterioso fenômeno como alvo. O pedido mais recente é o de um aluno de 7ª série que está produzindo um documentário sobre o famoso Triângulo. Como acha que descobriu via internet que Bernie é um expert no assunto, o interessado solicita uma entrevista via e-mail e quer resposta rápida pois o trabalho precisa ser entregue logo (dois ou três dias).
Situação parecida com a do professor da San Diego anconteceu com o Dr. Aquiles Von Zuben, da Unicamp. Aquiles mantinha um site sobre bioética, com materiais de interesse para seus alunos de filosofia no doutorado em educação. Volta e meia, estudantes de ensino médio pediam ajuda do professor da Unicamp via e-mail e fazendo referência ao site sobre bioética. Eis aqui um desses pedidos:
Esse modo de mostrar as virtudes da modernidade é recorrente. Já o vi, por, exemplo, num vídeo educacional do Senac que aponta diferenças entre a antiga e a nova secretária. A primeira tem um trabalho triste, dominado por máquinas velhas, lentas, feias. A segunda vive num ambiente de trabalho alegre, e usa máquinas reluzentes, rápidas, lindas.
No ano 2000, em visita à Universidade de Guadalajara, recebi um vídeo institucional sobre trabalho docente. Nas primeiras cenas, em um mundo triste, preto e branco, o professor desastrado entra na sala de aula com uma valise surrada e usa um quadro negro que vai quebrando em pedaços o giz que não "pega". Total desinteresse dos estudantes. Nas cenas finais, brilhantemente coloridas, o mestre alegre usa datashow, encanta os alunos entusiasmados pelo que é ensinado. Há, ao que parece, um padrão único de script para todas essas histórias sobre modernidade em educação. Mas não vou analisar toda a paisagem. Quero apenas registrar observações sobre utilizações da internet.
Num post recente (04/06/2007), meu amigo Bernie Dodge tenta, mais uma vez, mostrar que não é um expert em Triângulo das Bermudas. A razão para esse cuidado do Bernie é o grande número de pedidos que ele recebe, via e-mail, de auxílios para trabalhos escolares sobre o misterioso (pseudo) fenômeno que alimenta diversas lendas sobre sumiços de aviões e barcos em certo trecho do oceano. E por que alunos de diversas escolas recorrem ao professor da San Diego State University? Porque uma velha sinopse de WebQuest que tem o Triângulo das Bermudas como um chamariz para investigações de caráter científico, confrontando mito e história, continua no ar. E em tal página, Bernie aparece como coordenador do trabalho (instructor). A sinopse não apresenta nenhum conteúdo sobre o suposto mistério do Triângulo da Bermudas. Apenas delineia possíveis caminhos que os autores da WebQuest deveriam percorrer para chegar ao produto final. Mas alunos de várias escolas continuam a recorrer ao Bernie como fonte para "projetos" que têm o misterioso fenômeno como alvo. O pedido mais recente é o de um aluno de 7ª série que está produzindo um documentário sobre o famoso Triângulo. Como acha que descobriu via internet que Bernie é um expert no assunto, o interessado solicita uma entrevista via e-mail e quer resposta rápida pois o trabalho precisa ser entregue logo (dois ou três dias).
Situação parecida com a do professor da San Diego anconteceu com o Dr. Aquiles Von Zuben, da Unicamp. Aquiles mantinha um site sobre bioética, com materiais de interesse para seus alunos de filosofia no doutorado em educação. Volta e meia, estudantes de ensino médio pediam ajuda do professor da Unicamp via e-mail e fazendo referência ao site sobre bioética. Eis aqui um desses pedidos:
Prezado Professor Aquiles,
Sou aluno de curso médio. Procurei o sentido da vida na Internet. Nada encontrei. Mande-me, por favor, uma resposta. Nada muito longo. Bastam duas páginas. E mande logo, tenho de entregar o trabalho na próxima terça. Abraço,
Fulano de Tal.
Sou aluno de curso médio. Procurei o sentido da vida na Internet. Nada encontrei. Mande-me, por favor, uma resposta. Nada muito longo. Bastam duas páginas. E mande logo, tenho de entregar o trabalho na próxima terça. Abraço,
Fulano de Tal.
O texto é autêntico. Eliminou-se apenas o nome do aluno e alguns erros gramaticais foram corrigidos.
Os dois casos aqui narrados retratam um padrão muito frequente nas escolas. Um professor, convencido de que seus alunos devem usar novas tecnologias, faz o grande pedido: pesquisem x (sentido da vida, Triângulo das Bermudas etc.) na internet. E os alunos acionam os poderosos buscadores. Aparece uma lista imensa de fontes. Algumas dessas fontes são aproveitadas. Em muitos casos, professores, autores ou pesquisadores citados nas páginas listadas são convidados a colaborar. Mas, como mostram os casos de Bernie e Aquiles, os pedidos de ajuda não são bem informados. São mais mensagens de socorro emitidas por náufragos da internet. Tais resultados são consequência de um entendimento que o saber nascerá automaticamente de usos não estruturados das novas ferramentas de informação e comunicação. Isso indica a necessidade dos professores dominarem modelos (andaimes, mapas, scripts, roteiros) capazes de fornecer apoio suficiente para pesquisas bem feitas e significativas.Caso contrário, os náufragos do imenso mar informacional da rede internacional de computadores continuarão fazendo consultas equivocadas a professores como Bernie e Aquiles.
Ambos os casos sinalizam uma outra coisa. A página de Aquiles não era um sítio dedicado a questões como o sentido da vida. Era um repositório de textos e informações filosóficas. A página sobre Triângulo das Bermudas, construída por alunos do mestrado da SanDiego State University, não é uma fonte de informação sobre o assunto. É um roteiro de planejamento de tecnólogos educacionais. Leitores competentes jamais concluiriam, num ou noutros caso, que o coordenador da página era um expert no assunto pesquisado. Os pedidos de socorro feitos aos dois professores universitários aqui citados são sintomas ou de dificuldade de leitura ou de uma leitura muito desatenta. De qualquer forma, ambos os casos indicam problemas de leitura nessas atividades que as escolas convencionaram chamar de "pesquisa".
Cabe aqui uma observação sobre o sentido de urgência que domina nosso tempo. Os alunos consultantes querem respostas rápidas, pois os resultados precisam ser apresentados logo. Quando o professor Aquiles me contou a história aqui narrada, fez a seguinte observação: "filosofo há mais de quarenta anos sobre o sentido da vida, ainda não encontrei qualquer resposta satisfatória, aí aparece esse menino e quer uma solução imediata para o problema".
Os casos aqui contados sugerem muitos caminhos de conversa e investigação nos meios educacionais. Indiquei apenas um começo.
Os dois casos aqui narrados retratam um padrão muito frequente nas escolas. Um professor, convencido de que seus alunos devem usar novas tecnologias, faz o grande pedido: pesquisem x (sentido da vida, Triângulo das Bermudas etc.) na internet. E os alunos acionam os poderosos buscadores. Aparece uma lista imensa de fontes. Algumas dessas fontes são aproveitadas. Em muitos casos, professores, autores ou pesquisadores citados nas páginas listadas são convidados a colaborar. Mas, como mostram os casos de Bernie e Aquiles, os pedidos de ajuda não são bem informados. São mais mensagens de socorro emitidas por náufragos da internet. Tais resultados são consequência de um entendimento que o saber nascerá automaticamente de usos não estruturados das novas ferramentas de informação e comunicação. Isso indica a necessidade dos professores dominarem modelos (andaimes, mapas, scripts, roteiros) capazes de fornecer apoio suficiente para pesquisas bem feitas e significativas.Caso contrário, os náufragos do imenso mar informacional da rede internacional de computadores continuarão fazendo consultas equivocadas a professores como Bernie e Aquiles.
Ambos os casos sinalizam uma outra coisa. A página de Aquiles não era um sítio dedicado a questões como o sentido da vida. Era um repositório de textos e informações filosóficas. A página sobre Triângulo das Bermudas, construída por alunos do mestrado da SanDiego State University, não é uma fonte de informação sobre o assunto. É um roteiro de planejamento de tecnólogos educacionais. Leitores competentes jamais concluiriam, num ou noutros caso, que o coordenador da página era um expert no assunto pesquisado. Os pedidos de socorro feitos aos dois professores universitários aqui citados são sintomas ou de dificuldade de leitura ou de uma leitura muito desatenta. De qualquer forma, ambos os casos indicam problemas de leitura nessas atividades que as escolas convencionaram chamar de "pesquisa".
Cabe aqui uma observação sobre o sentido de urgência que domina nosso tempo. Os alunos consultantes querem respostas rápidas, pois os resultados precisam ser apresentados logo. Quando o professor Aquiles me contou a história aqui narrada, fez a seguinte observação: "filosofo há mais de quarenta anos sobre o sentido da vida, ainda não encontrei qualquer resposta satisfatória, aí aparece esse menino e quer uma solução imediata para o problema".
Os casos aqui contados sugerem muitos caminhos de conversa e investigação nos meios educacionais. Indiquei apenas um começo.
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