Algumas de minhas alunas escolheram a relação música/educação como tema de suas monografias de TCC. Tal fato chamou minha atenção, pois a música hoje é um conteúdo quando muito marginal nas escolas. Referências e estudos acadêmicos sobre o tema são escassos. E, quase sempre, a citada relação é entendida como uso da música para apoiar aprendizagens de outros conteúdos. Pouca gente percebe que educação musical é algo que não precisa de justificativa alheia à necessidade humana de fazer arte com sons. Educadores dos dias de hoje possivelmente desconhecem uma referência obrigatória nos meus tempos de estudante de pedagogia: História da Educação na Antiguidade, de Henri-Irénéé Marrou. Nesse livro indispensável, Marrou mostra que, na educação clássica da Grécia, a matéria fundamental era música. Mas com o tempo, mesmo na terra de Homero, a música foi sendo marginalizada dos programas escolares. Recentemente, Howard Gardner (2000), em The Disciplined Mind, exemplifica sua meta de educação voltada para a beleza por meio de um programa de estudos da obra de Mozart. Uma proposta que ainda a espera de terra fétil para germinar.
Nos últimos meses andei lendo algumas obras que podem dar alguma musculatura a propostas de estudos da música nas escolas. Uma dessas obras é o provocante livro de Steven Mithen, The Singing Neanderthals.Mithen traça um panorama instigante da história da música na evolução humana. Em termos de proposta concreta de aprendizagem e apreciação musical na escola, descobri uma jóia. Trata-se de uma narrativa sobre a aventura de um quinteto de sopro em seus encontros com estudantes do ensino fundamental numa escola de Bolton (EUA). Nome da obra: A Well-Tempered Mind: using music to help children listen and learn. Autores: Peter Perret e Janet Fox. Finalmente, como minhas antenas continuam atentas para a relação música/educação, cruzei com dois blogs que me chamaram atenção. Ambos pretendem oferecer um ambiente para reflexões e conversas sobre educação musical.O primeiro deles é o Calists & Connections. O segundo é obra de um pesquisador filandês, Miika Salavuo.
Espaço de comunicação sobre Weblogs em educação, WebQuests, WebGincanas e outros recursos TIC, além de eventuais comentários sobre o que rola no mundo.
Tuesday, March 20, 2007
Sunday, March 18, 2007
Audiolivros na Web
Acabo de ver no indispensável BoingBoing notícia sobre gravação de um audiolivro de Origem das Espécies, de Darwin. Com isso, fiquei sabendo que há no ciberespaço um belo trabalho voluntário de gravações de obras de domínio público. Alguns leitores talvez já soubessem de tal coisa há tempos. Mas eu quase sempre estou atrasado quanto às boas novidades na rede mundial de computadores. Aproveitei a dica para escutar trechos de algumas gravações, em inglês e espanhol. Infelizmente ainda não há gravações em português. Os audiolivros podem ser um belo recurso para ensino de idiomas.
A gravação de A Modest Proposal, de Jonathan Swift, é uma delícia. Acho que professores de inglês poderiam usá-la, com muito proveito, nos níveis avançados. Se minha amiga Ana Scatena ler este post, gostaria de saber a opinião dela sobre o assunto. Ah! Quem não conhece ainda o serviço de audiolivros, do qual estou a falar, pode examinar tal preciosidade da rede no LibriVox.
A gravação de A Modest Proposal, de Jonathan Swift, é uma delícia. Acho que professores de inglês poderiam usá-la, com muito proveito, nos níveis avançados. Se minha amiga Ana Scatena ler este post, gostaria de saber a opinião dela sobre o assunto. Ah! Quem não conhece ainda o serviço de audiolivros, do qual estou a falar, pode examinar tal preciosidade da rede no LibriVox.
WebGincana na Academia
Amanhâ (19.03.07) converso com um grupo de alunos de pós da PUC São Paulo. Assunto: WebGincanas. É sempre bom a gente verificar como certas idéias são entendidas na Academia. Vamos ver o que rola. Por ora, faço apenas um registro para me compremeter a postar, semana que vem, algumas observações sobre a conversa anunciada.Espero progresso em reflexões sobre a estrutura de organização de informações que venho desenhando nos últimos três anos com o atrativo título de WebGincanas.
Saturday, March 10, 2007
Blog, Café, Boteco
Com o título acima, escrevi uma longa mensagem em Boteco Escola, blog que estou editando para conversar com meus alunos sobre usos dos diários eletrônicos em educação. Não vou repetir aqui o que lá está escrito. Faço um resumo. Blogs são espaços públicos de conversação. Por isso, muitos autores acham que a teoria de Habermas sobre ação comunicativa pode iluminar o sentido de usos democráticos dos blogs. Em seus textos, o filósofo alemão sugere que a forma de conversação nos salões e cafés do século XIX pode fornecer um pista interessante para entendermos o que é um espaço público. E há um detalhe interessante: talvez sem conhecerem as teorias habermasianas, muitos autores deram a seus blogs o título de Cafés. Mas, no caso brasileiro, acho que é melhor ver os blogs como botecos, extraordinários espaços públicos de conversação. Solicito aos amigos comentários sobre esta minha proposta no campo da botecologia. Para tanto, postem seus preciosos comentários em Blog, Café, Boteco lá no Boteco Escola. Agradeço, desde já.
Wednesday, March 07, 2007
A inutilidade dos conhecimentos úteis
É comum a convicção de que a educação deve estar voltada para conhecimentos que os alunos possam aplicar de modo imediato no mundo em que vivem. A maior parte dos educadores aceita essa crença sem qualquer crítica. Mas, contraditoriamente, os conhecimentos úteis são inúteis. Saberes para um aqui e agora são, cada vez mais, saberes descartáveis. Por exemplo, se um estudante aprende certas técnicas de programação de computadores numa perspectiva utilitarista, certamente estará desatualizado assim que receber seu diploma profissional. Conhecimentos úteis são saberes para quem aposta na estabilidade. O saber que vale a pena não é aquele determinado por aplicações imediatas, mas aquele que surge da admiração e inquietude dos agentes de conhecimento. É só olhar para a história: os conhecimentos mais úteis sempre foram aqueles surgidos de buscas desinteressadas.
Se aceitarmos a necessidade de educar agentes de conhecimento que se comprometam com o saber por causa de sonhos, inquietações, admiração, faremos uma educação muito mais útil que aquela preocupada com o domínio de técnicas e fazeres voltados para o imediato.
Se aceitarmos a necessidade de educar agentes de conhecimento que se comprometam com o saber por causa de sonhos, inquietações, admiração, faremos uma educação muito mais útil que aquela preocupada com o domínio de técnicas e fazeres voltados para o imediato.
Tuesday, March 06, 2007
Praia blogueira em Espanha
No post anterior fiz referências a uma comunicação cuja tese central é o papel dos blogs como instrumentos de aprendizagem não regulada. E há muito mais material que vale a pena conhecer. Um deles é a revista eletrônica Telos (em espanhol) que publicou recentemente, em seu Cuaderno Central, artigos imperdíveis sobre Blogs, Weblogs, Bitácoras.
Monday, March 05, 2007
Blogar para aprender
Estou surfando a Web à procura de materiais sobre uso de blogs em educação. Tarefa difícil. O número de informações disponíveis aumentou geometricamente nos últimos quatro anos (minha última surfagem sistemática sobre o assunto aconteceu em 2003). Depois de percorrer todas as praias que valem a pena, pretendo colocar uma avaliação geral aqui no Aprendente. Mas não posso deixar de mencionar já algumas coisas que me chamaram a atenção. Uma delas é a comunicação Learning Webs: Learning in Weblog Networks, de Lilia Efimova e Sebastian Fiedler. Os citados autores mostram que blogar, sobretudo para profissionais, é uma atividade de aprendizagem não regulada. E isso acontece mesmo quando o blogueiro não tem explicitamente intenção de aprender. Segue aqui, em tradução livre, um dos trechos da comunicação de Lilia e Sebastian:
- ... há fortes indicações de que um crescente número de profissionais faz uso de webpublicações pessoais e de weblogs para apoiarem com sucesso sua própria aprendizagem fora de qualquer sistema de ensino institucionalmente organizado. Esses profissionais revelam habilidades notáveis para a inciação e manutenção de projetos de aprendizagem pessoal significativa. Eles constroem os seus dominios de aprendizagem pessoal "na ação" enquanto ouvem, observam e, algumas vezes, contatam outros que publicam traços visíveis de atividades de produção de significados na Web. Essas coleções de artefatos publicados e continuamente atualizados formam um imenso ecossistema, dinâmico e sempre mutante, para aprendizagens auto-organizadas e redes sociais.
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