Friday, October 13, 2006

Web e expansão de memória


Vez ou outra eu cantava a melodia de uma velha canção que tinha o seguinte verso "Je veux ceinturer madame la Terre...". E ficava na dúvida. Meu francês aprendido no antigo ginásio é muito fraquinho. Nunca soube se minha memória de tal verso era correta. Lembrei-me então do Google e da possibilidade de testar a existência (e correção) de minha memória na Web. Deu certo. Fiquei sabendo que a canção que escutei com certa frequencia, por volta de 1967 é um clássico do cantor e compositor canadense Claude Léveillée. Fiquei sabendo que o verso que aflorava em minha memória era um francês aceitável.
Ao buscar informações sobre citado cantor, lembrei-me de conversas e leituras sobre movimentos separatistas do Québec. Tudo coisa da metade dos anos sessenta. E agora já não sei mais se as informações sobre Claude Leveillée são novidades ou matéria reavivada por leituras sobre a chason canadense da época. Já não sei mais se a sensação de saber algo sobre "Québec livre" é fruto de minha ida a diversos sites sobre movimentos culturais dos sessenta em Montreal ou de papos mantidos quarenta anosatrás um amigo francófono, Padre Hilário, numa sala de estar do seminário sionita do Ipiranga.
O interessante de tudo isso, além da oportunidade de escutar boa música da década de sessenta, é uma percepção de que, com a Web, temos uma nova memória. O episódio aqui narrado me convenceu defitivamente de que nossa memória não é um fenômeno biológico, exclusivamente cerebral. Nossa memória é social, mediada pelas ferramentas que inventamos para armazenar e fazer circular informações. Isso deve ter alguma importância para percursos de ensino e de aprendizagem.

Wednesday, October 04, 2006

Publicador de WebGincanas

Em comentário sobre a postagem "Webgincanas em Congresso", um professor de Portugal me pergunta que software há para geração de WebGincanas. Não pude enviar de imediato uma resposta para a indagação de nosso colega lusitano. Mas, já faz algum tempo que o Senac São Paulo colocou no ar um publicador do citado modelo de uso estruturado da internet em educação. Tal publicador é bastante simples e permite que qualquer autor interessado possa colocar na internet uma WebGincana com todas as característica do modelo que desenvolvi com a colaboração de alunos e associados nos últimos dois anos. Além do publicador, a página do Senac contém textos de fundamentação, referências, indicações e notícias sobre o formato em tela. Educadores interessados podem encontrar tal material em:

http://www1.sp.senac.br/hotsites/gde/

Aparentemente o publicador está funcionando comme il faut. Mas seria bom ter mais obras lá publicadas para testar a eficiência da ferramenta. Alguém se habilita?

Trechos de textos web de Diagnosis

Salete, leitora aqui do Aprendente me pede para colocar no ar alguns trechos de textos web do romance de Alan Lightman. Além disso, ela me pergunta se a obra já foi traduzida para o português. Confesso que não sei. Outra leitora, minha amiga Carmé Barba, informa que vai procurar tradução de Dignosis para o espanhol. Aguardo informação da Carmé.
Além da história sobre dois amantes virtuais, contada exclusivamente em trocas de mensagens na web, Lightman utiliza e-mails como elementos narrativos para situar os interesses de Alex, filho adolescente do personagem central, e apresenta parte da trama sobre o diagnóstico (na verdade ausência de diagnóstico) em mensagens de médicos. Finalmente, certos desdobramentos de um processo contra o empregador de Bill Chalmers, o doente sem diagnóstico, também aparece sob a forma de e-mails. Assim, a comunicação sobre possibilidade de processar o empregador de Bill é narrada da seguinte forma:

>>> MAIL 50.02.04 <<< com ="="> Received: from THORMCCULL.COM by NETCOM.COM with BFP
id BZ48693; Thurs, 16 Oct 10:11:08 EDT
for
WCHALM@AOL.COM; Thurs, 16 Oct 10:11:32 -0400
Press * for message
>>> MAIL 50.02.04 <<<>
Dear Mr. Chamers, Ms. Stevenson has keot me informed of her corespsoncdence with you. We are continuing our discovery process, but let me say onc agin that here is very little we can do without a diagnosis of your ilness. I don't want to interfer which whatever tests you are doing, but I might recommend tht you speakk to Dr. Francis Emory at Deaconess Hoptitsl. She is a specialisin neurological disorders and, I am told, quick to make diagnoses. Your wife has been enquirign about our billing. Please tell her that you will rceive shortly a bill for the period September 24 to October 10, and thereafter bills every two weeks. Yours truly, Thurston Baker, Esq.


O trecho aqui reproduzido indica alguns cuidados formais do autor. A mensagem aparece com todo seu aparato de identificação na web. O estilo é despojado. Muitas palavras revelam erro de digitação de acordo com certos padrões comuns entre falantes nativos do inglês, ou revelam pouco domínio do teclado qwerty. Além disso, no corpo do romance, as mensagens não são explicadas ou comentadas. Supõe-se que devam ser entendidas da mesma forma que entendemos os e-mails recebidos na vida cotidiana. Lightman combina técnica, novas formas de linguagem escrita, acidentes de digitação, e tensão dramática.