Tuesday, July 12, 2005

Memória semântica e memória episódica

Faz umas três semanas que terminei de ler o mais recente romance de Umberto Eco. Uma delícia! E para a geração do gibizeiros então é uma conversa com um amigo de infância. Recomendo. No Brasil, o livro, A Misteriosa Chama da Rainha Loana, foi editado pela Record. Creio que não quebro direitos autorais, citando um trecho do Eco que clareia muito distinções sobre tipos de memória. Diz ele lá pela página 18 de Rainha Loana:

Temos diversos tipos de memória. Uma se chama implícita e nos permite executar sem esforço uma série de coisas que aprendemos, como escovar os dentes, ligar o rádio e dar nó na gravata. [...] Quando a memória implícita nos ajuda, não temos nem consciência de que recordamos, agimos automaticamente. Depois tem a memória explícita, com a qual recordamos e sabemos que estamos recordando.Mas essa memória explícita é dupla. Uma é aquela que a tendência agora é chamar de memória semântica, uma memória coletiva, aquela através da qual se sabe que uma andorinha é um pássaro... [...] Essa é a primeira que se forma, mesmo na criança; a criança aprende rapidamente a reconhecer uma máquina, ou um cão, a formar esquemas gerais [...] Mas, por outro lado, a criança leva mais tempo para elaborar o segundo tipo de memória explícita, que chamamos de episódica ou autobiográfica. Não é capaz, por exemplo, de recordar de imediato vendo um cachorro, de que no mês anterior esteve no jardim da avó e viu um cão e que foi ela própria que viveu as duas experiências. É a memória episódica que estabelece um nexo entre o que somos hoje e o que fomos, senão, quando disséssemos eu, estaríamos nos referindo apenas àquilo que sentimos agora, não ao que sentíamos antes.

Perfeito! Muito mais claro que todos os livros acdêmicos que já li sobre a matéria. Acho que devíamos convidar romancistas para escrever livros de ciência.

11 comments:

Anonymous said...

Olha realmente perfeito! Sou inciante no curso de psicologia e daqui alguns dias terei prova sobre o assunto...confesso que memória é uma matéria muito complexa, e já estava embaralhando tudo, agora depois de ler este trecho já ficou bem mais esclarecido.

Anonymous said...

Melhor q artigo! bem mais didático e explicativo.

Anonymous said...

Maravilhoso, Faço comunicação social e procurei por vários sites a melhor definição de mémoria declarativa. Simplismente um espetáculo de explicação.

Exercicios de Arte para Grupos said...

Esperemos que não hajam problemas com os direito de autor, pois espreitarei mais vezes este blog à procura d citações tão elucidativas quanto esta.

Depois de bater com a cabeça par tentar compreender realmente a matéria (e não decorá-la), acho que encontrei os exemplos que me faltavam.

Obrigada pela partilha.

Luciana Campos said...

Caramba, antes de ler seu comentário final eu li o texto e depois seu comentário final disse o que eu pensei: COMO COMPLICAM OS LIVROS TÉCNICOS....ASSIM EU MASTIGUEI, E ENGOLI NA BOA......SHOW
Estudando pra prova achei seu blog...
Shalon
Thanks

joaquim said...

valeu! vou fazer uma prova amanha e me ajudou bastante heheheh

Anonymous said...

Muito bem feita esta explicação . Farei uma prova amanha e isso me ajudou demaaaaais .

Obrigado .

Miley Cyrus , hehehe ( na verdade , a maiooooor fã dela )

E.M.A.F said...

Muito interessante,na verdade super interessante,sou mestre em pisicologia e esse livro é uma ótima iniciativa à licões mais distintas para os meus alunos.Obrigado!

AnaDuque said...

muito bom, estou a fazer um curso de geriatria e a estudar este tema que não vem muito bem explicado. e melhor nem tive de procurar muito, ou mesmo nada foi o primeiro que abri.

Unknown said...

ótima descrição, me ajudou bastante!

Anonymous said...

Interessante. Mas nao estudem para a prova só na vespera e com informação de um blogue galerada