Saturday, May 28, 2005

George Miller, um pouco de história I

Volto à busca da Luciana. Ela, certamente, queria saber quem é este tal George Miller. Uma curiosidade que se justifica. Parece que Miller não é muito conhecido nos meios pedagógicos. Mas os educadores que hoje lêem Piaget e Vygostky têm uma grande dívida para com Miller e outros pioneiros da psicologia do conhecimento. Pouca gente tem hoje uma consciência clara da dificuldade pelas quais passaram os pioneiros da batalha contra o positivismo que dominou a psicologia até a década de cinquenta. Num livro clássico do construtivismo - Schooling and the Acquisition of Knowledge, 1977 - um dos editores da obra, R.C. Anderson, faz a seguinte observação:

Um grande número de cientistas sociais americanos apenas muito recentemente se convenceu de que os pressupostos de suas visões tradicionais do mundo estavam fundamentalmente erradas. Eles eram empiricistas tanto no sentido filosófico como metodológico do termo. Ou seja, viam o organismo humano como algo conduzido por 'inputs' sensoriais. Na psicologia tradiocional dizia-se que os estímulos 'evocavam' e mesmo 'controlavam' as respostas. Sempre se supôs que as estruturas, processos e padrões de ordem superior podiam ser entendidos como concatenações de unidades simples, mas pouco progresso acontecera no sentido de acabar com tal interpretação. Chomsky (1957) desferiu um golpe forte contra o behaviorismo, demonstrando que é logicalmente impossível explicar a proficiência linguística em termos de cadeias de estímulo e resposta. (...) Mas educadores como Bruner (1960) e Ausubel (1962), pioneiros do construtivismo nos EUA [..] eram vozes que clamavam no deserto, trabalhando fora dos caminhos predominantes, ignorados por quase todo mundo, e perseguidos por alguns. (p. 416/7)

Os pioneiros das ciências do conhecimento tiveram grandes dificuldades para superar a poderosa organização de uma psicologia cujas bases eram fenômenos observáveis e mensuráveis. No Brasil, no começo dos anos setenta, falar de uma psicologia interessada em pensamento e consciência era quase impossível. Num congresso de psicologia em 1971, vi um pobre estudante sendo vaiado por mais de cinco minutos porque tentou apresentar um estudo que continha a palavra consciência no título. Miller, ao lado de Jerome Bruner e outros, começou sua carreira em tal ambiente e lutou muito para propor um novo caminho para a psicologia da educação, o caminho hoje triunfante do consrutivismo. Numa próxima postagem vou contar um pouco mais dessa história citando observações de Jerome Bruner.

3 comments:

Anonymous said...

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Renata

Anonymous said...

Olá prof. Jarbas
Não consegui postar mensagem no terceirosmicrocontos... Mas adorei.
O que vc acha de fazermos alguma coisa desse tipo para trabalhar com nossos docentes?
Só pelos microcontos criados em sala hoje, foi possível ter uma idéia de como seria bacana.
Bjs
Crissy

Anonymous said...

Olá trabalho em escola e gostaria de saber se vcs poderiam me informar a respeito de inclusão digital(computador em aulas), algum curso, sobre o projeto.Qualquer informação pelo e-mail: janaynasleal18@hotmail.com