Semana passada, uma escola católica tradicional aqui de São Paulo demitiu uma professora de cinquenta e poucos anos. Na entrevista de desligamento, a coordenadora pedagógica informou que a instituição pretende substituir os professores mais idosos por jovens, preferentemente homens. A mencionada gestora educacional, de sessenta e poucos anos, argumentou que a escola entende que os jovens professores, familiarizados com as mídias modernas, serão uma alavanca para o uso de novas tecnologias na escola. O episódio merece diversos comentários. Registro aqui apenas um deles, prometendo voltar ao assunto em outras postagens.
Quem entende que tecnologia educacional é uma função da idade dos professores está inteiramente equivocado. Esse modo de pensar teria afastado do cenário educacional, há muitos anos, a mais importante criadora de soluções de tecnologia educacional em nosso país, recentemente premiada pela UNESCO, a professora
Lea Fagundes. A esperança de que a geração acostumada com jogos eletrônicos, Okurt, blogs etc.vá produzir projetos parecidos ou melhores que os da Léa é resultado de falta de visão do que é tecnologia educacional. O domínio das ferramentas é razão necessária para usos educacionais dos novos meios. Mas isso não basta. Importa muito mais a razão suficiente: dominio de saberes educacionais. Gente que domina os modernos artefatos de comunicação, se pouco ou nada souber de educação, produzirá apenas soluções medíocres em termos de ensino e aprendizagem. Pensar que a familiaridade com as novas ferramentas de comunicação produza
per se tecnologia educacional é, no mínimo, uma visão mágica.